Apresentação
Para os amantes das letras, que juntas dão vida à palavras, que reunidas formam pensamentos, tocam corações, abrem portas, alegram ambientes...Eis o seu lugar! Seja bem-vindo!
Junte suas letras, divirta-se!
Junte suas letras, divirta-se!
terça-feira, 7 de setembro de 2010
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
O uso de Celulares na escola

USO DE CELULARES EM SALA DE AULA
Nesses últimos anos, um assunto muito comentado entre alunos de todos os colégios do país é o uso de celulares em sala de aula, tanto dos alunos quanto dos professores.
O celular pode ser uma boa opção desde que seja usado de forma moderada, ou em situação de emergência. Mas nesses casos, os alunos e professores devem pedir permissão para atender o telefone e sair da sala em sinal de respeito. Existem casos em que é necessário usar o celular, mas de uma maneira que não atrapalhe os outros.
No entanto, alguns que não têm limites, e não aceitam as regras, causam falta de atenção nos demais alunos e atrapalham as aulas. É um problemas sério, porque existem pessoas que querem ouvir música em auto falantes, por exemplo, e quando é pedido para desligarem, se recusam, trazendo vários incômodos, não só para os professores como também para os seus colegas de classe. Às vezes, os próprios professores desrespeitam e usam os celulares em horas indevidas.
Por tudo isso, acho que o uso de celulares não deve ser proibido, mas deve ser usado com moderação e respeito, tanto dos alunos quanto dos professores. Dessa forma, tudo torna-se aceitável.
Diessica, 3ºano - bloco1
domingo, 16 de maio de 2010
Cinco Minutos - capítulos I e II

1856 – Época em que as mulheres eram treinadas para o lar. Ser boa esposa, ter domínio das “prendas” domésticas, boa mãe, aprender a receber bem os convidados do marido, brilhar de forma sutil nas festas... Tudo muito romântico, em uma visão geral.
Nosso escritor, José de Alencar, extremamente romântico, embalava as tardes dessas doces e prendadas donas de casa ao publicar em jornais alguns de seus romances capítulo a capítulo.
Seguindo o mesmo estilo, vão aqui publicados, os capítulos, não em jornal, mas em um blog, como exige a nossa época, de sua obra: Cinco minutos.
Vão, porém, em uma linguagem atualizada como nunca realizado antes. Mas apaixonante tal e qual a primeira publicação.
Uma coisa é certa: Ao ler o primeiro capítulo, você será capturado pela trama e pela onda de amor que envolve esses dois romances de finais surpreendentes.
Boa leitura!
Capítulo I
Oi prima,
Vou te contar uma história curiosa. Mas é uma história, não um romance:
Há mais de dois anos, por volta das seis horas da tarde, fui para o Rocio para tomar o ônibus de Andaraí.
Você me conhece e sabe que sou o homem menos pontual que há neste mundo; entre as minhas poucas qualidades, a pontualidade não é uma delas. Essa é qualidade dos reis e mau costume dos ingleses.
Apaixonado pela liberdade como sou, não posso admitir de jeito nenhum que um homem seja escravo do relógio e controle suas atitudes pelo movimento de um ponteiro de aço movendo-se em um relógio.
Tudo isto para te dizer que, chegando ao Rocio, não vi mais ônibus algum; perguntei a um fiscal e ele me respondeu:
— Saiu há cinco minutos.
Fazer o quê. Tive que me conformar e esperei pelo ônibus de sete horas. Anoiteceu.
Fazia uma noite de inverno fresca e úmida; o céu estava calmo, mas sem estrelas.
O ônibus chegou na hora marcada e apressei-me para encontrar o meu lugar.
Fui direto, como costumo, para o fundo do ônibus, a fim de ficar livre das conversas monótonas dos passageiros, que quase sempre têm uma piada sem graça para contar ou uma reclamação a fazer sobre o péssimo estado das estradas.
O canto já estava ocupado por um monte de sedas, que fez um barulhinho quando sua dona as afastou para que eu me sentasse ao seu lado.
Sentei-me; Naturalmente é bem melhor sentar perto de uma garota, que perto de um rapaz.
A minha primeira atitude foi ver se conseguia descobrir o rosto e as formas que se escondiam nessa nuvem de seda e de rendas.
Era impossível.
Além de a noite estar escura, um véu que caía de um chapeuzinho de palha não me deixava a menor esperança de ver o rosto da dama misteriosa.
Conformei-me e concordei que o melhor era me preocupar com outra coisa.
Já estava pensando em outras coisas, voltado para o mundo da fantasia, quando de repente fui obrigado a “acordar” por um acontecimento bem simples.
Senti no meu braço o contato suave de um outro braço que me parecia macio e aveludado como uma folha de rosa.
Quis afastar, mas não tive ânimo; continuei na mesma posição e sonhei que estava sentado perto de uma mulher que me amava e que se apoiava sobre mim.
Pouco a pouco fui cedendo àquela atração irresistível e encostando-me insensivelmente; a pressão tornou-se mais forte; senti o seu ombro tocar de leve o meu peito; e a minha mão impaciente encontrou uma mãozinha delicada e frágil, que se deixou apertar com um certo medo.
Assim, fascinado ao mesmo tempo pela minha ilusão e por este contato físico, fiquei tão envolvido, a ponto que, sem saber o que fazia, abaixei a cabeça e colei os meus lábios ardentes em seu ombro, que estremecia de emoção.
Ela soltou um grito, que foi entendido naturalmente como susto causado pelo sacolejar do ônibus, e encolheu-se no canto.
Meio arrependido do que tinha feito, fiquei de pé, olhando para a porta do ônibus e, aproximando-me dela, disse-lhe quase ao ouvido:
— Perdão!
Não respondeu; encolheu-se ainda mais no canto.
Tomei uma decisão heróica.
— Vou descer, não a incomodarei mais.
Ditas estas palavras rapidamente, de modo que só ela ouvisse, olhei para o motorista com intenção de mandar parar para sair dali correndo.
Mas senti outra vez a sua mãozinha, que apertava docemente a minha, como para impedir-me de sair.
Está entendido que não resisti e que me sentei novamente; ela conservava-se sempre longe de mim, mas deixou sua mão na minha, que eu beijava respeitosamente.
De repente tive uma idéia. E se fosse feia! E se fosse velha! Se fosse feia e velha!!
Fiquei frio e comecei a pensar.
Esta mulher, que sem me conhecer me permitia o que só se permite ao homem que se ama, só podia ser feia e muito feia.
Como não conseguia achar um namorado de dia, ao menos agarrava-se a este, que de noite e sem muita iluminação o acaso colocou em seu caminho.
É verdade que essa mão delicada, esses ombros aveludados... Ilusão! Era a minha boa vontade que me fazia ver coisas!
A imaginação é capaz de maiores esforços ainda.
Nestes questionamentos, o meu espírito em alguns instantes tinha chegado a uma certeza tremenda sobre a feiura de minha companheira.
Para confirmar essa certeza tentei novamente vê-la: porém, de novo, não tive sucesso; estava tão bem envolvida no seu manto e no seu véu, que nem um pedacinho do rosto ficava à mostra. Estava totalmente escondida.
Isso era mais uma prova! Uma mulher bonita faz questão de ser admirada e não se esconde como uma pérola dentro da sua ostra.
Decididamente era feia, muito, muito feia!
Nisto ela fez um movimento, entreabrindo o seu manto, e um cheiro suave de perfume de sândalo encheu o ar.
Aspirei com prazer aquela onda de perfume, que se infiltrou em minha alma como uma explosão de estrelas.
Não se espante, minha prima; tenho uma teoria a respeito dos perfumes.
A mulher é uma flor que se estuda, como a flor do campo, pelas suas cores, pelas suas folhas e sobretudo pelo seu perfume.
Dependendo da cor predileta de uma mulher desconhecida, o seu modo de vestir e o seu perfume favorito, vou descobrir com a mesma exatidão de um problema matemático se ela é bonita ou feia.
De todos estes indícios, porém, o mais seguro é o perfume; e isto por um segredo da natureza, por uma lei misteriosa da criação, que não sei explicar.
Por que é que Deus deu o aroma mais delicado à rosa, à violeta, ao jasmim, e não a essas flores sem graça e sem beleza, que só servem para realçar as suas irmãs?
É decerto por esta mesma razão que Deus só dá à mulher linda esse tato delicado e sutil, esse gosto cuidadoso, que sabe diferenciar o aroma mais perfeito...
Você já pode entender minha prima, porque esse cheiro de sândalo foi para mim como uma revelação.
Só uma mulher delicada, uma mulher de sentimento, sabe envolver toda a poesia desse perfume oriental, que nos embala nos sonhos brilhantes das Mil e uma Noites, que nos fala da Índia, da China, da Pérsia, dos esplendores da Ásia e dos mistérios do berço do sol.
O sândalo é o perfume das odaliscas de Stambul e das huris do profeta; como as borboletas que se alimentam de mel, a mulher do Oriente vive com as gotas dessa essência divina.
Seu berço é de sândalo; seus colares, suas pulseiras, o seu leque, são de sândalo; e, quando a morte vem quebrar o fio dessa existência feliz, é ainda em uma urna de sândalo que o amor guarda as suas cinzas queridas.
Tudo isto me passou pelo pensamento como um sonho, enquanto eu aspirava ardentemente essa essência fascinante, que foi a pouco e pouco desaparecendo.
Ela era linda!
Tinha toda a certeza; desta vez era uma certeza profunda e inabalável.
Imagine, uma mulher de coragem, uma mulher de alma apaixonada, se fosse feia, não dava sua mão para ser beijada por um homem que podia desprezá-la quando a conhecesse; não se expunha a gozação e ao desprezo.
Era linda!
Mas eu não conseguia vê-la, por mais que me esforçasse.
O ônibus parou; uma outra senhora levantou-se e saiu.
Senti a sua mão apertar a minha com mais força; vi uma sombra passar diante de meus olhos no meio do barulho das sedas de um vestido, e quando percebi, o ônibus voltava a andar. Ao meu lado, o acento vazio.
Em meu ouvido permaneceu o som uma palavra sussurrada, ou melhor, suspirada quase imperceptivelmente:
— Non ti scordar di me! ...
Capítulo II
Desci às pressas do ônibus. Andei para a direita e para a esquerda como um louco, procurando minha dama misteriosa até nove horas da noite. Nada!
QUINZE dias se passaram depois de minha aventura.
Durante este tempo nem preciso dizer-lhe as extravagâncias que fiz.
Fui todos os dias a Andaraí no ônibus das sete horas, para ver se encontrava a minha desconhecida; perguntei a todos os passageiros se a conheciam e não tive a menor informação.
Estava completamente apaixonado, minha prima, e com uma paixão de primeira força e de alta pressão, capaz de correr meio mundo por ela.
Sempre que ia a estação, não havia um vestido de seda preta e um chapéu de palha que me escapasse a observação. Ia atrás de todas, procurava conversa, mas descobria ser alguma velha ou alguma costureira desjeitosa e continuava tristemente o meu caminho, atrás dessa sombra impalpável, que eu procurava havia quinze longos dias, isto é, um século para o pensamento de um amante.
Um dia estava em um baile, triste e pensativo, como um homem que ama uma mulher e que não conhece a mulher que ama.
Encostei-me a uma porta e dali via passar diante de mim uma a uma as moças presentes, pedindo a todos aqueles rostos indiferentes um olhar, um sorriso, que me fizesse reconhecer aquela que eu procurava.
Assim preocupado, quase não percebia o que se passava perto de mim, quando senti um leque tocar meu braço, e uma voz que vivia no meu coração, uma voz que cantava dentro de minha alma, murmurou:
— Non ti scordar di me!...
Voltei-me.
Corri um olhar pelas pessoas que estavam junto de mim, e apenas vi uma velha que passeava pelo braço de seu cavalheiro, abanando-se com um leque.
— Será ela, meu Deus? pensei horrorizado
E, por mais que fizesse, os meus olhos não se afastavam daquele rosto cheio de rugas.
A velha tinha uma expressão de bondade e de sentimento que devia atrair a simpatia; mas naquele momento essa beleza moral, que iluminava aquela fisionomia inteligente, pareceu-me horrível e até repugnante.
Amar quinze dias uma sombra, sonhá-la bela como um anjo, e por fim encontrar uma velha de cabelos brancos, uma velha assanhada e namoradeira!
Não, era impossível! Naturalmente a minha desconhecida tinha fugido antes que eu tivesse tempo de vê-la.
Essa esperança consolou-me; mas durou apenas um segundo.
A velha falou e na sua voz eu reconheci, apesar de tudo, apesar de mim mesmo, o timbre doce e aveludado que ouvira duas vezes.
Diante de tão grande evidência não havia mais que duvidar. Eu tinha amado uma velha, tinha beijado a sua mão enrugada com delírio, tinha vivido quinze dias de sua lembrança.
Era para me enlouquecer ou rir; pois bem, não ri nem enlouqueci, mas fiquei com um tal tédio e uma raiva de mim mesmo que não posso exprimir.
Que aventura, que coisa mais sem sentido, porém, não iria acontecer ainda comigo!
Não diferenciei as primeiras palavras da velha logo que ouvi a sua voz; foi só passado o primeiro espanto que percebi o que dizia.
— Ela não gosta de bailes.
— Pois admira, replicou o cavalheiro; na sua idade!
— A mim não admira nada! Não acha a menor graça nestas festas barulhentas e nisto mostra bem que é minha filha.
A velha tinha uma filha e isto podia explicar a semelhança extraordinária da voz. Agarrei-me a esta sombra, como um homem que caminha no escuro.
Resolvi-me a seguir a velha toda a noite, até que ela se encontrasse com sua filha: desde aquele momento esta passou a ser a minha luz, a minha estrela polar.
A senhora e o seu cavalheiro entraram na saleta da escada. Por um instante, a multidão ficou entre mim e ela. Ia segui-la.
Nisto ouço uma voz alegre dizer da saleta:
— Vamos, mamã!
Corri, e apenas tive tempo de perceber as partes de um vestido preto, envolvido num largo xale de seda branca, que desapareceu ligeiramente na escada.
Atravessei a saleta tão depressa como me permitiu a multidão, e, pisando calos, dando encontrões à direita e à esquerda, cheguei enfim à porta da saída,
O meu vestido preto desapareceu pela pequena porta de uma carruagem, que partiu rapidamente.
Voltei ao baile desanimado; a minha única esperança era a velha; podia saber através dela de algumas informações, saber quem era a minha desconhecida, perguntar o seu nome onde morava, acabar enfim com este enigma, que me matava de emoções violentas e contrárias.
Perguntei a alguém pela senhora.
Mas como era possível dizer a qual senhora me referia se só o que sabia dela era a mais ou menos a idade?
Todos os meus amigos tinham visto senhoras idosas, porém não tinham olhado para elas.
Saí de lá triste e abatido, como um homem que se vê em luta contra o impossível.
Das duas vezes que a mulher da minha vida tinha aparecido, só me restavam uma lembrança, um perfume e uma palavra!
Nem sequer um nome!
A todo momento parecia que eu a ouvia na brisa da noite. Ouvia aquela voz tão cheia de melancolia e de sentimento, que resumia para mim toda uma história.
Desde então sempre que representavam no teatro a ópera que trazia aquela frase “— Non ti scordar di me!... “ lá estava eu, ao menos para ter o prazer de ouvi-la repetir.
A princípio, por uma intuição natural, julguei que ela devia, como eu, admirar essa sublime harmonia de Verdi, que devia também ir sempre ao teatro.
Com meu binóculo examinava todos os camarotes com uma atenção cuidadosa; via moças bonitas ou feias, mas nenhuma delas me fazia palpitar o coração.
Entrando uma vez no teatro e fazendo a minha costumeira revisão das moças presentes, descobri finalmente na terceira fila sua mãe, a minha estrela, a senhora da festa, a pessoa que poderia me levar até minha amada, ajudando-me a esclarecer todas as dúvidas.
A velha estava só, na frente do camarote, e de vez em quando olhava para trás para trocar uma palavra com alguém sentado no fundo.
Senti uma alegria inexplicável.
O camarote próximo estava vazio; perdi quase todo o espetáculo a procurar o cambista incumbido de vendê-lo. Por fim achei-o e subi de um pulo as três escadas.
O coração queria saltar pela boca quando abri a porta do camarote e entrei.
Não tinha me enganado; junto da velha vi um chapeuzinho de palha com um véu preto, que não me deixava ver o rosto da pessoa a quem pertencia.
Mas eu tinha adivinhado que era ela; e sentia um prazer indefinível em olhar aquelas rendas e fitas, que me impediam de conhecê-la, mas que ao menos lhe pertenciam.
Uma das fitas do chapéu tinha caído do lado do meu camarote, e, ariscando-me a ser visto, não pude conter-me e beijei-a escondido.
Representava-se a Traviata e era o último ato; o espetáculo ia acabar, e eu ficaria no mesmo estado de incerteza.
Arrastei as cadeiras do camarote, tossi, deixei cair o binóculo, fiz um barulho insuportável, para ver se ela voltava o rosto.
A platéia pediu silêncio; todos os olhos procuraram ver a causa do barulho; porém ela nem se mexeu; com a cabeça meio inclinada sobre a coluna, em uma profunda reflexão, parecia toda entregue ao encanto da música.
Tomei uma atitude.
Encostei-me à mesma coluna e, em voz baixa, disse estas palavras:
— Não me esqueço!
Estremeceu e, baixando rapidamente o véu, ajeitou ainda mais o largo xale de cetim branco.
Pensei que ia olhar-me, mas enganei-me; esperei muito tempo, e a toa.
Tive então um movimento de dor-de-cotovelo e quase de raiva; depois de um mês que eu amava sem esperança, que eu guardava a maior fidelidade à sua sombra, ela me recebia friamente.
Fiquei revoltado
— Agora entendo, eu disse em voz baixa como se estivesse falando com amigo a meu lado, entendo porque ela foge de mim, por que mantém esse mistério; tudo isto não passa de uma zombaria cruel, de uma comédia, em que eu faço o papel de amante ridículo. Realmente é uma armadilha habilidosa! Plantar em um coração a semente de um amor profundo; alimentá-lo de tempos a tempos com uma palavra, excitar a imaginação pelo mistério; e depois, quando esse namorado de uma sombra, de um sonho, de uma ilusão, andar por aí triste e abatido, ela então o mostra a suas amigas como uma vítima de seus caprichos rindo dele como se fosse um louco! É engraçado! O orgulho da mais vaidosa mulher deve ficar satisfeito!
Enquanto eu dizia estas palavras, cheias de todo o fel que tinha no coração, a Charton modulava com a sua voz sentimental essa linda ária final da Traviata, interrompida por ligeiros acessos de uma tosse seca.
Ela tinha baixado a cabeça e não sei se ouvia o que eu lhe dizia ou o que a Charton cantava; de vez em quando as suas costas se agitavam com um tremor convulsivo, que eu entendi injustamente ser um movimento de impaciência.
O espetáculo terminou, as pessoas do camarote saíram e ela, ajeitando o chapéu e o xale, acompanhou-as lentamente.
Depois, fingindo que tinha esquecido de alguma coisa, tornou a entrar no camarote e estendeu-me a mão.
— Não saberá nunca o que me fez sofrer, disse-me com a voz trêmula.
Não consegui ver o seu rosto; fugiu, deixando-me o seu lenço carregado do mesmo perfume de sândalo que eu tinha sentido antes e todo molhado de lágrimas ainda quentes.
Dei uns passos em sua direção querendo segui-la; mas ela fez um gesto tão suplicante que não tive coragem de desobedecer.
Ali estava eu, estava como antes; não a conhecia, não sabia nada a seu respeito; porém ao menos possuía alguma coisa dela; o seu lenço era para mim uma relíquia sagrada.
Mas e as lágrimas? E aquele sofrimento de que ela falava?
O que queria dizer tudo isto?
Não entendia; se eu tinha sido injusto, era uma razão para não continuar a esconder-se de mim. Que queria dizer este mistério, que parecia obrigada a manter?
Todas estas perguntas e as hipóteses que surgiam não me deixaram dormir.
Passei uma noite em claro pensando e fazendo suposições, cada uma mais louca que a outra.
Nosso escritor, José de Alencar, extremamente romântico, embalava as tardes dessas doces e prendadas donas de casa ao publicar em jornais alguns de seus romances capítulo a capítulo.
Seguindo o mesmo estilo, vão aqui publicados, os capítulos, não em jornal, mas em um blog, como exige a nossa época, de sua obra: Cinco minutos.
Vão, porém, em uma linguagem atualizada como nunca realizado antes. Mas apaixonante tal e qual a primeira publicação.
Uma coisa é certa: Ao ler o primeiro capítulo, você será capturado pela trama e pela onda de amor que envolve esses dois romances de finais surpreendentes.
Boa leitura!
Capítulo I
Oi prima,
Vou te contar uma história curiosa. Mas é uma história, não um romance:
Há mais de dois anos, por volta das seis horas da tarde, fui para o Rocio para tomar o ônibus de Andaraí.
Você me conhece e sabe que sou o homem menos pontual que há neste mundo; entre as minhas poucas qualidades, a pontualidade não é uma delas. Essa é qualidade dos reis e mau costume dos ingleses.
Apaixonado pela liberdade como sou, não posso admitir de jeito nenhum que um homem seja escravo do relógio e controle suas atitudes pelo movimento de um ponteiro de aço movendo-se em um relógio.
Tudo isto para te dizer que, chegando ao Rocio, não vi mais ônibus algum; perguntei a um fiscal e ele me respondeu:
— Saiu há cinco minutos.
Fazer o quê. Tive que me conformar e esperei pelo ônibus de sete horas. Anoiteceu.
Fazia uma noite de inverno fresca e úmida; o céu estava calmo, mas sem estrelas.
O ônibus chegou na hora marcada e apressei-me para encontrar o meu lugar.
Fui direto, como costumo, para o fundo do ônibus, a fim de ficar livre das conversas monótonas dos passageiros, que quase sempre têm uma piada sem graça para contar ou uma reclamação a fazer sobre o péssimo estado das estradas.
O canto já estava ocupado por um monte de sedas, que fez um barulhinho quando sua dona as afastou para que eu me sentasse ao seu lado.
Sentei-me; Naturalmente é bem melhor sentar perto de uma garota, que perto de um rapaz.
A minha primeira atitude foi ver se conseguia descobrir o rosto e as formas que se escondiam nessa nuvem de seda e de rendas.
Era impossível.
Além de a noite estar escura, um véu que caía de um chapeuzinho de palha não me deixava a menor esperança de ver o rosto da dama misteriosa.
Conformei-me e concordei que o melhor era me preocupar com outra coisa.
Já estava pensando em outras coisas, voltado para o mundo da fantasia, quando de repente fui obrigado a “acordar” por um acontecimento bem simples.
Senti no meu braço o contato suave de um outro braço que me parecia macio e aveludado como uma folha de rosa.
Quis afastar, mas não tive ânimo; continuei na mesma posição e sonhei que estava sentado perto de uma mulher que me amava e que se apoiava sobre mim.
Pouco a pouco fui cedendo àquela atração irresistível e encostando-me insensivelmente; a pressão tornou-se mais forte; senti o seu ombro tocar de leve o meu peito; e a minha mão impaciente encontrou uma mãozinha delicada e frágil, que se deixou apertar com um certo medo.
Assim, fascinado ao mesmo tempo pela minha ilusão e por este contato físico, fiquei tão envolvido, a ponto que, sem saber o que fazia, abaixei a cabeça e colei os meus lábios ardentes em seu ombro, que estremecia de emoção.
Ela soltou um grito, que foi entendido naturalmente como susto causado pelo sacolejar do ônibus, e encolheu-se no canto.
Meio arrependido do que tinha feito, fiquei de pé, olhando para a porta do ônibus e, aproximando-me dela, disse-lhe quase ao ouvido:
— Perdão!
Não respondeu; encolheu-se ainda mais no canto.
Tomei uma decisão heróica.
— Vou descer, não a incomodarei mais.
Ditas estas palavras rapidamente, de modo que só ela ouvisse, olhei para o motorista com intenção de mandar parar para sair dali correndo.
Mas senti outra vez a sua mãozinha, que apertava docemente a minha, como para impedir-me de sair.
Está entendido que não resisti e que me sentei novamente; ela conservava-se sempre longe de mim, mas deixou sua mão na minha, que eu beijava respeitosamente.
De repente tive uma idéia. E se fosse feia! E se fosse velha! Se fosse feia e velha!!
Fiquei frio e comecei a pensar.
Esta mulher, que sem me conhecer me permitia o que só se permite ao homem que se ama, só podia ser feia e muito feia.
Como não conseguia achar um namorado de dia, ao menos agarrava-se a este, que de noite e sem muita iluminação o acaso colocou em seu caminho.
É verdade que essa mão delicada, esses ombros aveludados... Ilusão! Era a minha boa vontade que me fazia ver coisas!
A imaginação é capaz de maiores esforços ainda.
Nestes questionamentos, o meu espírito em alguns instantes tinha chegado a uma certeza tremenda sobre a feiura de minha companheira.
Para confirmar essa certeza tentei novamente vê-la: porém, de novo, não tive sucesso; estava tão bem envolvida no seu manto e no seu véu, que nem um pedacinho do rosto ficava à mostra. Estava totalmente escondida.
Isso era mais uma prova! Uma mulher bonita faz questão de ser admirada e não se esconde como uma pérola dentro da sua ostra.
Decididamente era feia, muito, muito feia!
Nisto ela fez um movimento, entreabrindo o seu manto, e um cheiro suave de perfume de sândalo encheu o ar.
Aspirei com prazer aquela onda de perfume, que se infiltrou em minha alma como uma explosão de estrelas.
Não se espante, minha prima; tenho uma teoria a respeito dos perfumes.
A mulher é uma flor que se estuda, como a flor do campo, pelas suas cores, pelas suas folhas e sobretudo pelo seu perfume.
Dependendo da cor predileta de uma mulher desconhecida, o seu modo de vestir e o seu perfume favorito, vou descobrir com a mesma exatidão de um problema matemático se ela é bonita ou feia.
De todos estes indícios, porém, o mais seguro é o perfume; e isto por um segredo da natureza, por uma lei misteriosa da criação, que não sei explicar.
Por que é que Deus deu o aroma mais delicado à rosa, à violeta, ao jasmim, e não a essas flores sem graça e sem beleza, que só servem para realçar as suas irmãs?
É decerto por esta mesma razão que Deus só dá à mulher linda esse tato delicado e sutil, esse gosto cuidadoso, que sabe diferenciar o aroma mais perfeito...
Você já pode entender minha prima, porque esse cheiro de sândalo foi para mim como uma revelação.
Só uma mulher delicada, uma mulher de sentimento, sabe envolver toda a poesia desse perfume oriental, que nos embala nos sonhos brilhantes das Mil e uma Noites, que nos fala da Índia, da China, da Pérsia, dos esplendores da Ásia e dos mistérios do berço do sol.
O sândalo é o perfume das odaliscas de Stambul e das huris do profeta; como as borboletas que se alimentam de mel, a mulher do Oriente vive com as gotas dessa essência divina.
Seu berço é de sândalo; seus colares, suas pulseiras, o seu leque, são de sândalo; e, quando a morte vem quebrar o fio dessa existência feliz, é ainda em uma urna de sândalo que o amor guarda as suas cinzas queridas.
Tudo isto me passou pelo pensamento como um sonho, enquanto eu aspirava ardentemente essa essência fascinante, que foi a pouco e pouco desaparecendo.
Ela era linda!
Tinha toda a certeza; desta vez era uma certeza profunda e inabalável.
Imagine, uma mulher de coragem, uma mulher de alma apaixonada, se fosse feia, não dava sua mão para ser beijada por um homem que podia desprezá-la quando a conhecesse; não se expunha a gozação e ao desprezo.
Era linda!
Mas eu não conseguia vê-la, por mais que me esforçasse.
O ônibus parou; uma outra senhora levantou-se e saiu.
Senti a sua mão apertar a minha com mais força; vi uma sombra passar diante de meus olhos no meio do barulho das sedas de um vestido, e quando percebi, o ônibus voltava a andar. Ao meu lado, o acento vazio.
Em meu ouvido permaneceu o som uma palavra sussurrada, ou melhor, suspirada quase imperceptivelmente:
— Non ti scordar di me! ...
Capítulo II
Desci às pressas do ônibus. Andei para a direita e para a esquerda como um louco, procurando minha dama misteriosa até nove horas da noite. Nada!
QUINZE dias se passaram depois de minha aventura.
Durante este tempo nem preciso dizer-lhe as extravagâncias que fiz.
Fui todos os dias a Andaraí no ônibus das sete horas, para ver se encontrava a minha desconhecida; perguntei a todos os passageiros se a conheciam e não tive a menor informação.
Estava completamente apaixonado, minha prima, e com uma paixão de primeira força e de alta pressão, capaz de correr meio mundo por ela.
Sempre que ia a estação, não havia um vestido de seda preta e um chapéu de palha que me escapasse a observação. Ia atrás de todas, procurava conversa, mas descobria ser alguma velha ou alguma costureira desjeitosa e continuava tristemente o meu caminho, atrás dessa sombra impalpável, que eu procurava havia quinze longos dias, isto é, um século para o pensamento de um amante.
Um dia estava em um baile, triste e pensativo, como um homem que ama uma mulher e que não conhece a mulher que ama.
Encostei-me a uma porta e dali via passar diante de mim uma a uma as moças presentes, pedindo a todos aqueles rostos indiferentes um olhar, um sorriso, que me fizesse reconhecer aquela que eu procurava.
Assim preocupado, quase não percebia o que se passava perto de mim, quando senti um leque tocar meu braço, e uma voz que vivia no meu coração, uma voz que cantava dentro de minha alma, murmurou:
— Non ti scordar di me!...
Voltei-me.
Corri um olhar pelas pessoas que estavam junto de mim, e apenas vi uma velha que passeava pelo braço de seu cavalheiro, abanando-se com um leque.
— Será ela, meu Deus? pensei horrorizado
E, por mais que fizesse, os meus olhos não se afastavam daquele rosto cheio de rugas.
A velha tinha uma expressão de bondade e de sentimento que devia atrair a simpatia; mas naquele momento essa beleza moral, que iluminava aquela fisionomia inteligente, pareceu-me horrível e até repugnante.
Amar quinze dias uma sombra, sonhá-la bela como um anjo, e por fim encontrar uma velha de cabelos brancos, uma velha assanhada e namoradeira!
Não, era impossível! Naturalmente a minha desconhecida tinha fugido antes que eu tivesse tempo de vê-la.
Essa esperança consolou-me; mas durou apenas um segundo.
A velha falou e na sua voz eu reconheci, apesar de tudo, apesar de mim mesmo, o timbre doce e aveludado que ouvira duas vezes.
Diante de tão grande evidência não havia mais que duvidar. Eu tinha amado uma velha, tinha beijado a sua mão enrugada com delírio, tinha vivido quinze dias de sua lembrança.
Era para me enlouquecer ou rir; pois bem, não ri nem enlouqueci, mas fiquei com um tal tédio e uma raiva de mim mesmo que não posso exprimir.
Que aventura, que coisa mais sem sentido, porém, não iria acontecer ainda comigo!
Não diferenciei as primeiras palavras da velha logo que ouvi a sua voz; foi só passado o primeiro espanto que percebi o que dizia.
— Ela não gosta de bailes.
— Pois admira, replicou o cavalheiro; na sua idade!
— A mim não admira nada! Não acha a menor graça nestas festas barulhentas e nisto mostra bem que é minha filha.
A velha tinha uma filha e isto podia explicar a semelhança extraordinária da voz. Agarrei-me a esta sombra, como um homem que caminha no escuro.
Resolvi-me a seguir a velha toda a noite, até que ela se encontrasse com sua filha: desde aquele momento esta passou a ser a minha luz, a minha estrela polar.
A senhora e o seu cavalheiro entraram na saleta da escada. Por um instante, a multidão ficou entre mim e ela. Ia segui-la.
Nisto ouço uma voz alegre dizer da saleta:
— Vamos, mamã!
Corri, e apenas tive tempo de perceber as partes de um vestido preto, envolvido num largo xale de seda branca, que desapareceu ligeiramente na escada.
Atravessei a saleta tão depressa como me permitiu a multidão, e, pisando calos, dando encontrões à direita e à esquerda, cheguei enfim à porta da saída,
O meu vestido preto desapareceu pela pequena porta de uma carruagem, que partiu rapidamente.
Voltei ao baile desanimado; a minha única esperança era a velha; podia saber através dela de algumas informações, saber quem era a minha desconhecida, perguntar o seu nome onde morava, acabar enfim com este enigma, que me matava de emoções violentas e contrárias.
Perguntei a alguém pela senhora.
Mas como era possível dizer a qual senhora me referia se só o que sabia dela era a mais ou menos a idade?
Todos os meus amigos tinham visto senhoras idosas, porém não tinham olhado para elas.
Saí de lá triste e abatido, como um homem que se vê em luta contra o impossível.
Das duas vezes que a mulher da minha vida tinha aparecido, só me restavam uma lembrança, um perfume e uma palavra!
Nem sequer um nome!
A todo momento parecia que eu a ouvia na brisa da noite. Ouvia aquela voz tão cheia de melancolia e de sentimento, que resumia para mim toda uma história.
Desde então sempre que representavam no teatro a ópera que trazia aquela frase “— Non ti scordar di me!... “ lá estava eu, ao menos para ter o prazer de ouvi-la repetir.
A princípio, por uma intuição natural, julguei que ela devia, como eu, admirar essa sublime harmonia de Verdi, que devia também ir sempre ao teatro.
Com meu binóculo examinava todos os camarotes com uma atenção cuidadosa; via moças bonitas ou feias, mas nenhuma delas me fazia palpitar o coração.
Entrando uma vez no teatro e fazendo a minha costumeira revisão das moças presentes, descobri finalmente na terceira fila sua mãe, a minha estrela, a senhora da festa, a pessoa que poderia me levar até minha amada, ajudando-me a esclarecer todas as dúvidas.
A velha estava só, na frente do camarote, e de vez em quando olhava para trás para trocar uma palavra com alguém sentado no fundo.
Senti uma alegria inexplicável.
O camarote próximo estava vazio; perdi quase todo o espetáculo a procurar o cambista incumbido de vendê-lo. Por fim achei-o e subi de um pulo as três escadas.
O coração queria saltar pela boca quando abri a porta do camarote e entrei.
Não tinha me enganado; junto da velha vi um chapeuzinho de palha com um véu preto, que não me deixava ver o rosto da pessoa a quem pertencia.
Mas eu tinha adivinhado que era ela; e sentia um prazer indefinível em olhar aquelas rendas e fitas, que me impediam de conhecê-la, mas que ao menos lhe pertenciam.
Uma das fitas do chapéu tinha caído do lado do meu camarote, e, ariscando-me a ser visto, não pude conter-me e beijei-a escondido.
Representava-se a Traviata e era o último ato; o espetáculo ia acabar, e eu ficaria no mesmo estado de incerteza.
Arrastei as cadeiras do camarote, tossi, deixei cair o binóculo, fiz um barulho insuportável, para ver se ela voltava o rosto.
A platéia pediu silêncio; todos os olhos procuraram ver a causa do barulho; porém ela nem se mexeu; com a cabeça meio inclinada sobre a coluna, em uma profunda reflexão, parecia toda entregue ao encanto da música.
Tomei uma atitude.
Encostei-me à mesma coluna e, em voz baixa, disse estas palavras:
— Não me esqueço!
Estremeceu e, baixando rapidamente o véu, ajeitou ainda mais o largo xale de cetim branco.
Pensei que ia olhar-me, mas enganei-me; esperei muito tempo, e a toa.
Tive então um movimento de dor-de-cotovelo e quase de raiva; depois de um mês que eu amava sem esperança, que eu guardava a maior fidelidade à sua sombra, ela me recebia friamente.
Fiquei revoltado
— Agora entendo, eu disse em voz baixa como se estivesse falando com amigo a meu lado, entendo porque ela foge de mim, por que mantém esse mistério; tudo isto não passa de uma zombaria cruel, de uma comédia, em que eu faço o papel de amante ridículo. Realmente é uma armadilha habilidosa! Plantar em um coração a semente de um amor profundo; alimentá-lo de tempos a tempos com uma palavra, excitar a imaginação pelo mistério; e depois, quando esse namorado de uma sombra, de um sonho, de uma ilusão, andar por aí triste e abatido, ela então o mostra a suas amigas como uma vítima de seus caprichos rindo dele como se fosse um louco! É engraçado! O orgulho da mais vaidosa mulher deve ficar satisfeito!
Enquanto eu dizia estas palavras, cheias de todo o fel que tinha no coração, a Charton modulava com a sua voz sentimental essa linda ária final da Traviata, interrompida por ligeiros acessos de uma tosse seca.
Ela tinha baixado a cabeça e não sei se ouvia o que eu lhe dizia ou o que a Charton cantava; de vez em quando as suas costas se agitavam com um tremor convulsivo, que eu entendi injustamente ser um movimento de impaciência.
O espetáculo terminou, as pessoas do camarote saíram e ela, ajeitando o chapéu e o xale, acompanhou-as lentamente.
Depois, fingindo que tinha esquecido de alguma coisa, tornou a entrar no camarote e estendeu-me a mão.
— Não saberá nunca o que me fez sofrer, disse-me com a voz trêmula.
Não consegui ver o seu rosto; fugiu, deixando-me o seu lenço carregado do mesmo perfume de sândalo que eu tinha sentido antes e todo molhado de lágrimas ainda quentes.
Dei uns passos em sua direção querendo segui-la; mas ela fez um gesto tão suplicante que não tive coragem de desobedecer.
Ali estava eu, estava como antes; não a conhecia, não sabia nada a seu respeito; porém ao menos possuía alguma coisa dela; o seu lenço era para mim uma relíquia sagrada.
Mas e as lágrimas? E aquele sofrimento de que ela falava?
O que queria dizer tudo isto?
Não entendia; se eu tinha sido injusto, era uma razão para não continuar a esconder-se de mim. Que queria dizer este mistério, que parecia obrigada a manter?
Todas estas perguntas e as hipóteses que surgiam não me deixaram dormir.
Passei uma noite em claro pensando e fazendo suposições, cada uma mais louca que a outra.
domingo, 9 de maio de 2010
Mãe
Seu ventre...
trouxe-me ao mundo.
Sua vida...
inspira-me a viver.
Seus caminhos...
Ensinam-me a caminhar.
Suas abilidades e talentos...
faz-me aprender.
Seus conselhos...
Leva-me a pensar.
Sua atenção...
tranquiliza-me a desabafar.
Sua dedicação...
leva-me a ser uma adulta responsável.
Seu jeito amável e
palavras cheias de experiência ao aconselhar-me...
faz-me refletir.
Seu olhar biônico...
consegue enxergar o futuro.
ajuda-me a resolver o que fazer
Sei que pra toda a vida
levarei você comigo
espelhando-me em você
e seguindo seus caminhos,
alcançarei meus sonhos
porque quero encher-te de orgulho
e fazer-te chorar
apenas de felicidade
e nesse dia tão importante para você
e para mim...
quero dar-te o amor que guardo e dizer-te:
TE AMO DEMAIS!
Graycikelly - 3ano A
trouxe-me ao mundo.
Sua vida...
inspira-me a viver.
Seus caminhos...
Ensinam-me a caminhar.
Suas abilidades e talentos...
faz-me aprender.
Seus conselhos...
Leva-me a pensar.
Sua atenção...
tranquiliza-me a desabafar.
Sua dedicação...
leva-me a ser uma adulta responsável.
Seu jeito amável e
palavras cheias de experiência ao aconselhar-me...
faz-me refletir.
Seu olhar biônico...
consegue enxergar o futuro.
ajuda-me a resolver o que fazer
Sei que pra toda a vida
levarei você comigo
espelhando-me em você
e seguindo seus caminhos,
alcançarei meus sonhos
porque quero encher-te de orgulho
e fazer-te chorar
apenas de felicidade
e nesse dia tão importante para você
e para mim...
quero dar-te o amor que guardo e dizer-te:
TE AMO DEMAIS!
Graycikelly - 3ano A
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Capitulo X - Cinco minutos

O resto desta história, minha prima, você conhece, com exceção de alguns pequenos detalhes.
Vivi um mês, contando os dias, as horas e os minutos; e o tempo passava muito devagar.
Começava a calcular as horas que faltavam para acabar o dia, os dias que faltavam para acabar a semana e as semanas que ainda faltavam para acabar o mês.
No meio da tristeza que sentia pela ausência dela, o que me consolou foi uma carta que ela deixou e que me entregaram no dia seguinte ao da sua partida.
"Parece claro, meu querido, dizia-me ela, que Deus não quer aceitar o teu sacrifício. Apesar de todo o teu amor, apesar de tua alma, ele impediu a nossa união; evitou a você um sofrimento e a mim talvez um remorso.
"Sei tudo o que fez por minha causa e adivinho o resto; parto triste por não te ver, mas bem feliz por sentir-me amada, como nenhuma mulher talvez o seja neste mundo."
Esta carta tinha sido escrita na véspera da saída do navio; um criado que veio de Petrópolis e a quem ela deu a tarefa de me entregar a caixinha com a sua fotografia, contou a ela metade das extravagâncias que eu tinha feito para chegar à cidade no mesmo dia.
Disse-lhe que tinha me visto partir ao seu encontro, depois de perguntar a hora da saída do navio; e que embaixo da serra contaram a ele como eu tinha morto um cavalo para alcançar a barca e como me embarcara em uma canoa.
Não me vendo chegar, ela adivinhou que alguma dificuldade invencível me deteve, e atribuía isto à vontade de Deus, que não permitia o meu amor.
Entretanto, lendo e relendo a sua carta, uma coisa me admirou; ela não me dizia um adeus, apesar de sua ausência e apesar da doença, que podia tornar essa ausência eterna.
Eu tinha acertado! Ao mesmo tempo que ela fazia de tudo para me desanimar da ideia de ir ao seu encontro, estava convencida de que a acompanharia.
Com efeito parti no próximo navio para a Europa.
Deve ter ouvido falar, minha prima, se é que ainda não sentiu, da força dos pressentimentos do amor, ou da segunda vista que tem a alma nos seus grandes amores.
Vou contar-lhe um acontecimento que confirma este fato.
No primeiro lugar onde desembarquei, não sei que instinto, que revelação, me fez correr imediatamente ao correio; parecia impossível que ela não tivesse deixado alguma lembrança para mim.
E como pressenti, em todos os portos da escala do navio, havia uma carta que continha duas palavras apenas:
"Sei que você me segue. Até logo."
Enfim cheguei à Europa e vi-a. Todas as minhas loucuras e os meus sofrimentos foram compensados pelo sorriso de inexprimível alegria com que me recebeu.
Sua mãe dizia-lhe que eu ficaria no Rio de Janeiro, mas ela nunca duvidou de mim! Esperava por mim como se a tivesse deixado no dia anterior, prometendo voltar.
Porém, ela estava muito abatida da viagem; não sofria, mas estava pálida e branca como uma dessas Madonas de Rafael, que vi depois em Roma.
Às vezes um desânimo invencível a deixava triste; nesses momentos uma aura como de um anjo a cercava, como se a alma saindo envolvesse o seu corpo.
Sentado ao seu lado, ou de joelhos a seus pés, passava os dias contemplando aquela agonia lenta; Eu sentia que morria gradualmente, junto com ela
Uma tarde em que ela estava ainda mais fraca, fomos para a varanda.
A nossa casa em Nápoles era de frente para o mar; o sol, pondo-se, escondia-se nas ondas; um raio pálido e fraco veio enfiar-se pela nossa janela e brincar sobre o rosto de Carlota, sentada ou antes deitada no sofá.
Ela abriu os olhos um momento e quis sorrir; seus lábios nem tinham força para abrir o sorriso.
Comecei a chorar; Fazia muito tempo que eu tinha perdido a fé, mas conservava ainda a esperança; mas naquele momento, até mesmo a esperança me abandonou com aquele reflexo do sol, que me parecia o seu adeus à vida.
Sentindo as minhas lágrimas molharem as suas mãos, que eu beijava, ela voltou-se e olhou firme para mim, com os seus grandes olhos brilhantes.
Depois, fazendo um esforço, reclinou-se para mim e apoiou as mãos sobre o meu ombro.
— Meu querido, disse ela com voz fraquinha, vou pedir-te uma coisa, a última; promete cumprir?
— Juro, respondi-lhe, com a voz cortada pelos soluços.
— Daqui a bem pouco tempo... daqui a algumas horas talvez... Sim! sinto faltar-me o ar!...
— Carlota!...
— Você está sofrendo tanto! Ah! se não fosse isto eu morreria feliz.
— Não fale em morrer!
— Pobre querido, em que vou falar então? Na vida?...
Não vê que a minha vida é apenas um sopro... um instante que breve terá passado?
— Você se engana, minha Carlota.
Ela sorriu tristemente.
— Escuta; quando sentir a minha mão gelada, quando as palpitações do meu coração cessarem, promete receber nos lábios a minha alma?
— Meu Deus!...
— Promete? sim?...
— Sim.
Ela tornou-se branca; sua voz suspirou apenas:
— Agora!
Apertei-a ao peito e colei os meus lábios aos seus. Era o primeiro beijo de nosso amor, beijo casto e puro, que a morte ia santificar.
Sua testa estava gelada, não sentia a sua respiração nem as pulsações de seu peito.
De repente ela ergueu a cabeça. Se visse, minha prima, que reflexo de felicidade e alegria iluminava nesse momento o seu rosto pálido!
— Oh! quero viver! exclamou ela.
E com os lábios entreabertos aspirou com vontade a o perfume que vinham das flores do jardim.
Desde esse dia foi pouco a pouco melhorando, ganhando as forças e a saúde; sua beleza. reanimava-se e expandia-se como um botão que por muito tempo privado de sol, se abre em flor.
Esse milagre, que ela, sorrindo e corando, atribuía ao meu amor, foi um dia muito bem explicado por um médico alemão que nos fez uma longa fala a respeito da medicina.
Segundo ele dizia, a viagem tinha sido o único remédio e o que nós entendemos ser uma doença mortal não era senão uma crise. Crise perigosa, que podia matá-la, mas que felizmente não o fez.
Nos casamos em Florença na igreja de Santa Maria Novella.
Percorremos a Alemanha, a França, a Itália e a Grécia; passamos um ano nessa vida errante e nômade, vivendo do nosso amor e alimentando-nos de música, de recordações históricas, de contemplações de arte.
Criamos assim um pequeno mundo, só nosso; depositamos nele todas as belas lembranças de nossas viagens, toda a poesia daquelas ruínas seculares.
Trouxemos das nossas peregrinações um raio de sol do Oriente, um reflexo de lua de Nápoles, um pedacinho do céu da Grécia, algumas flores, alguns perfumes, e com isto enchemos o nosso pequeno universo.
Depois, como as andorinhas que voltam com a primavera para fabricar o seu ninho no campanário da capelinha em que nasceram, assim que ela recuperou a saúde e as suas belas cores, viemos procurar em nossa terra um cantinho para esconder esse mundo que havíamos criado.
Achamos na encosta de uma montanha um lindo lugar, entre o céu e a terra.
Aí abrigamos o nosso amor e vivemos tão felizes que só pedimos a Deus que nos conserve o que nos deu; a nossa existência é um longo dia, calmo e tranqüilo, que começou ontem, mas que não tem amanhã.
Uma linda casa, um pequeno rio saltando entre as pedras, alguma terra, sol, ar puro, árvores, sombras, ...eis toda a nossa riqueza.
Quando nos sentimos cansados de tanta felicidade, ela transforma-se em dona de casa ou vai cuidar de suas flores; eu fecho-me com os meus livros e passo o dia a trabalhar. São os únicos momentos em que não nos vemos.
Ela tem ciúmes de meus livros, como eu tenho de suas flores. Ela diz que a esqueço para trabalhar; eu reclamo de que ela ama as suas violetas mais do que a mim.
Isto dura quando muito um dia; depois vem sentar-se ao meu lado e dizer-me ao ouvido a primeira palavra que balbuciou o nosso amor: — Non ti scordar di me.
Olhamo-nos, sorrimos e recomeçamos esta história que acabo de te contar e que é ao mesmo tempo o nosso romance, o nosso drama e o nosso poema.
Eis, minha prima, a resposta à sua pergunta; eis o motivo porque esse moço elegante, como teve a bondade de me chamar, deixou os grandes circulos da sociedade, depois de ter passado um ano na Europa.
Podia dar-lhe outra resposta mais breve e dizer simplesmente que tudo isto aconteceu porque me atrasei cinco minutos.
Desse pequeno detalhe, nasceu a minha felicidade; dele podia resultar a minha desgraça. Se tivesse sido pontual como um inglês, não teria tido uma paixão nem feito uma viagem; mas ainda hoje estaria perdendo o meu tempo passeando pela rua do Ouvidor ouvindo falar de política e teatro.
Isto prova que a pontualidade é uma excelente qualidade para uma máquina; mas um grave defeito para um homem.
Adeus, minha prima. Carlota está impaciente, porque estou escrevendo há muito tempo; não quero que ela tenha ciúmes desta carta e que me impeça de enviá-la.
Minas, 12 de agosto.
Abaixo da assinatura havia um pequeno post-scriptum de uma letra fina e delicada:
"P. S. — Tudo isto é verdade, D..., menos uma coisa.
"Ele não tem ciúmes de minhas flores, nem podia ter, porque sabe que só quando seus olhos não me procuram é que vou visitá-las e pedir-lhes que me ensinem a ficar bela para agradá-lo.
"Minha vingança será roubar um beijo que seria dele e enviá-lo a você nesta carta. Mas guarde-o. Esse beijo poderia revelar a nossa felicidade ao mundo invejoso.
CARLOTA
Vivi um mês, contando os dias, as horas e os minutos; e o tempo passava muito devagar.
Começava a calcular as horas que faltavam para acabar o dia, os dias que faltavam para acabar a semana e as semanas que ainda faltavam para acabar o mês.
No meio da tristeza que sentia pela ausência dela, o que me consolou foi uma carta que ela deixou e que me entregaram no dia seguinte ao da sua partida.
"Parece claro, meu querido, dizia-me ela, que Deus não quer aceitar o teu sacrifício. Apesar de todo o teu amor, apesar de tua alma, ele impediu a nossa união; evitou a você um sofrimento e a mim talvez um remorso.
"Sei tudo o que fez por minha causa e adivinho o resto; parto triste por não te ver, mas bem feliz por sentir-me amada, como nenhuma mulher talvez o seja neste mundo."
Esta carta tinha sido escrita na véspera da saída do navio; um criado que veio de Petrópolis e a quem ela deu a tarefa de me entregar a caixinha com a sua fotografia, contou a ela metade das extravagâncias que eu tinha feito para chegar à cidade no mesmo dia.
Disse-lhe que tinha me visto partir ao seu encontro, depois de perguntar a hora da saída do navio; e que embaixo da serra contaram a ele como eu tinha morto um cavalo para alcançar a barca e como me embarcara em uma canoa.
Não me vendo chegar, ela adivinhou que alguma dificuldade invencível me deteve, e atribuía isto à vontade de Deus, que não permitia o meu amor.
Entretanto, lendo e relendo a sua carta, uma coisa me admirou; ela não me dizia um adeus, apesar de sua ausência e apesar da doença, que podia tornar essa ausência eterna.
Eu tinha acertado! Ao mesmo tempo que ela fazia de tudo para me desanimar da ideia de ir ao seu encontro, estava convencida de que a acompanharia.
Com efeito parti no próximo navio para a Europa.
Deve ter ouvido falar, minha prima, se é que ainda não sentiu, da força dos pressentimentos do amor, ou da segunda vista que tem a alma nos seus grandes amores.
Vou contar-lhe um acontecimento que confirma este fato.
No primeiro lugar onde desembarquei, não sei que instinto, que revelação, me fez correr imediatamente ao correio; parecia impossível que ela não tivesse deixado alguma lembrança para mim.
E como pressenti, em todos os portos da escala do navio, havia uma carta que continha duas palavras apenas:
"Sei que você me segue. Até logo."
Enfim cheguei à Europa e vi-a. Todas as minhas loucuras e os meus sofrimentos foram compensados pelo sorriso de inexprimível alegria com que me recebeu.
Sua mãe dizia-lhe que eu ficaria no Rio de Janeiro, mas ela nunca duvidou de mim! Esperava por mim como se a tivesse deixado no dia anterior, prometendo voltar.
Porém, ela estava muito abatida da viagem; não sofria, mas estava pálida e branca como uma dessas Madonas de Rafael, que vi depois em Roma.
Às vezes um desânimo invencível a deixava triste; nesses momentos uma aura como de um anjo a cercava, como se a alma saindo envolvesse o seu corpo.
Sentado ao seu lado, ou de joelhos a seus pés, passava os dias contemplando aquela agonia lenta; Eu sentia que morria gradualmente, junto com ela
Uma tarde em que ela estava ainda mais fraca, fomos para a varanda.
A nossa casa em Nápoles era de frente para o mar; o sol, pondo-se, escondia-se nas ondas; um raio pálido e fraco veio enfiar-se pela nossa janela e brincar sobre o rosto de Carlota, sentada ou antes deitada no sofá.
Ela abriu os olhos um momento e quis sorrir; seus lábios nem tinham força para abrir o sorriso.
Comecei a chorar; Fazia muito tempo que eu tinha perdido a fé, mas conservava ainda a esperança; mas naquele momento, até mesmo a esperança me abandonou com aquele reflexo do sol, que me parecia o seu adeus à vida.
Sentindo as minhas lágrimas molharem as suas mãos, que eu beijava, ela voltou-se e olhou firme para mim, com os seus grandes olhos brilhantes.
Depois, fazendo um esforço, reclinou-se para mim e apoiou as mãos sobre o meu ombro.
— Meu querido, disse ela com voz fraquinha, vou pedir-te uma coisa, a última; promete cumprir?
— Juro, respondi-lhe, com a voz cortada pelos soluços.
— Daqui a bem pouco tempo... daqui a algumas horas talvez... Sim! sinto faltar-me o ar!...
— Carlota!...
— Você está sofrendo tanto! Ah! se não fosse isto eu morreria feliz.
— Não fale em morrer!
— Pobre querido, em que vou falar então? Na vida?...
Não vê que a minha vida é apenas um sopro... um instante que breve terá passado?
— Você se engana, minha Carlota.
Ela sorriu tristemente.
— Escuta; quando sentir a minha mão gelada, quando as palpitações do meu coração cessarem, promete receber nos lábios a minha alma?
— Meu Deus!...
— Promete? sim?...
— Sim.
Ela tornou-se branca; sua voz suspirou apenas:
— Agora!
Apertei-a ao peito e colei os meus lábios aos seus. Era o primeiro beijo de nosso amor, beijo casto e puro, que a morte ia santificar.
Sua testa estava gelada, não sentia a sua respiração nem as pulsações de seu peito.
De repente ela ergueu a cabeça. Se visse, minha prima, que reflexo de felicidade e alegria iluminava nesse momento o seu rosto pálido!
— Oh! quero viver! exclamou ela.
E com os lábios entreabertos aspirou com vontade a o perfume que vinham das flores do jardim.
Desde esse dia foi pouco a pouco melhorando, ganhando as forças e a saúde; sua beleza. reanimava-se e expandia-se como um botão que por muito tempo privado de sol, se abre em flor.
Esse milagre, que ela, sorrindo e corando, atribuía ao meu amor, foi um dia muito bem explicado por um médico alemão que nos fez uma longa fala a respeito da medicina.
Segundo ele dizia, a viagem tinha sido o único remédio e o que nós entendemos ser uma doença mortal não era senão uma crise. Crise perigosa, que podia matá-la, mas que felizmente não o fez.
Nos casamos em Florença na igreja de Santa Maria Novella.
Percorremos a Alemanha, a França, a Itália e a Grécia; passamos um ano nessa vida errante e nômade, vivendo do nosso amor e alimentando-nos de música, de recordações históricas, de contemplações de arte.
Criamos assim um pequeno mundo, só nosso; depositamos nele todas as belas lembranças de nossas viagens, toda a poesia daquelas ruínas seculares.
Trouxemos das nossas peregrinações um raio de sol do Oriente, um reflexo de lua de Nápoles, um pedacinho do céu da Grécia, algumas flores, alguns perfumes, e com isto enchemos o nosso pequeno universo.
Depois, como as andorinhas que voltam com a primavera para fabricar o seu ninho no campanário da capelinha em que nasceram, assim que ela recuperou a saúde e as suas belas cores, viemos procurar em nossa terra um cantinho para esconder esse mundo que havíamos criado.
Achamos na encosta de uma montanha um lindo lugar, entre o céu e a terra.
Aí abrigamos o nosso amor e vivemos tão felizes que só pedimos a Deus que nos conserve o que nos deu; a nossa existência é um longo dia, calmo e tranqüilo, que começou ontem, mas que não tem amanhã.
Uma linda casa, um pequeno rio saltando entre as pedras, alguma terra, sol, ar puro, árvores, sombras, ...eis toda a nossa riqueza.
Quando nos sentimos cansados de tanta felicidade, ela transforma-se em dona de casa ou vai cuidar de suas flores; eu fecho-me com os meus livros e passo o dia a trabalhar. São os únicos momentos em que não nos vemos.
Ela tem ciúmes de meus livros, como eu tenho de suas flores. Ela diz que a esqueço para trabalhar; eu reclamo de que ela ama as suas violetas mais do que a mim.
Isto dura quando muito um dia; depois vem sentar-se ao meu lado e dizer-me ao ouvido a primeira palavra que balbuciou o nosso amor: — Non ti scordar di me.
Olhamo-nos, sorrimos e recomeçamos esta história que acabo de te contar e que é ao mesmo tempo o nosso romance, o nosso drama e o nosso poema.
Eis, minha prima, a resposta à sua pergunta; eis o motivo porque esse moço elegante, como teve a bondade de me chamar, deixou os grandes circulos da sociedade, depois de ter passado um ano na Europa.
Podia dar-lhe outra resposta mais breve e dizer simplesmente que tudo isto aconteceu porque me atrasei cinco minutos.
Desse pequeno detalhe, nasceu a minha felicidade; dele podia resultar a minha desgraça. Se tivesse sido pontual como um inglês, não teria tido uma paixão nem feito uma viagem; mas ainda hoje estaria perdendo o meu tempo passeando pela rua do Ouvidor ouvindo falar de política e teatro.
Isto prova que a pontualidade é uma excelente qualidade para uma máquina; mas um grave defeito para um homem.
Adeus, minha prima. Carlota está impaciente, porque estou escrevendo há muito tempo; não quero que ela tenha ciúmes desta carta e que me impeça de enviá-la.
Minas, 12 de agosto.
Abaixo da assinatura havia um pequeno post-scriptum de uma letra fina e delicada:
"P. S. — Tudo isto é verdade, D..., menos uma coisa.
"Ele não tem ciúmes de minhas flores, nem podia ter, porque sabe que só quando seus olhos não me procuram é que vou visitá-las e pedir-lhes que me ensinem a ficar bela para agradá-lo.
"Minha vingança será roubar um beijo que seria dele e enviá-lo a você nesta carta. Mas guarde-o. Esse beijo poderia revelar a nossa felicidade ao mundo invejoso.
CARLOTA
terça-feira, 20 de abril de 2010
Pensamentos filosóficos dos alunos do Ensino Médio do Col. Vinícius de Moraes.

“ Não desanimes pois, caminhando rumo ao pôr do sol, pode-se chegar a aurora.” Skaplan Willlians
Comentário: Que mesmo com as dificuldades, com a batalha, vencerá a guerra, e que no fim a recompensa sempre virá.
“ Se o seu coração é aberto e sincero, você naturalmente se sente satisfeito e confiante, e não tem nenhuma razão para sentir medo dos outros.” Dalai Lama
Comentário: Que claro, mais vale uma alma limpa pra si mesmo, que um pensamento incerto para os outros.
Érika Cristine de Lima 3ºA
“Transportai um punhado de terras todos os dias e fareis uma montanha.” Confúcio
Comentário: Todos nós quando começamos a entender a vida travamos sonhos em nossos corações:
“Quando eu crescer quero ser professora”, “quando eu crescer quero ser advogado”, “quando eu crescer quero ser um médico”, e se esse sonho for muito intenso, muito forte então o colocamos em prática. Começamos então estudando e pondo toda a atenção voltada para os estudos, pois, estudo é tudo, nos dedicamos pois temos um ideal, um sonho a ser conquistado, lutamos, não olhamos para os problemas e enfrentando-os com muito vigor, pois deseja alcançar seu ideal. E de pouco a pouco terminamos o ensino médio, cursamos uma faculdade, trabalhamos para manter aquele ideal em pé. E como quem luta sempre vence, quem conquista merece um troféu, conquistamos os nossos sonhos, nos formamos, e como disse Confúcio: “Transportai um punhado de terras todos os dias e fareis uma montanha.”
Assim como as formiguinhas que trabalham o verão inteiro para juntar alimento para o inverno, assim somos nós construímos sonhos e os tornamos realidade.
“Use sua força para guiar seu destino, tudo o que desejar com intensidade pode transformar o seu caminho. Quem acredita nos sonhos tem apenas uma direção sempre em frente.”
“Lute pelos seus sonhos todos os dias que no final os verá realizados.”
Ana Paula 1ºA
“ Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.” Confúcio
Comentário: Cada dia ao conquistar mais nosso conhecimento, ele aumentara fazendo com que nós possamos escolher uma área do conhecimento para se especializar, e com isso nosso conhecimento se tornara grandioso fazendo com que um dia a gente possa ter um futuro promissor...
Letícia vitoria chagas 1°A
“ Aquilo que um homem se torna ao longo da vida, depende fundamentalmente de duas coisas: As oportunidades que teve e as escolhas que fez.” James Tentee
Comentário: Por isso devemos fazer as escolhas corretas de coração, porque as oportunidades são poucas e difíceis.
Jéssica Talita Sprada 3º A
“ A alma nos ordena conhecer aquele que nos adverte.” Sócretes
Comentário: Temos que conhecer a nós mesmos, pois quem melhor que nossa consciência para nos direcionar à opção certa.
Fransuisy 1º A
“Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.” Sócrates
Comentário: Quer dizer que para conhecermos amigos para que sejam dignos de nossa amizade, devemos em nós mesmos admirar as qualidades que existe naquela pessoa que a gente gosta e ver se nós somos dignos de ter a amizade dela e desenvolver todo o nosso esforço para termos uma amizade eterna. Pois ter um amigo, não é ter uma simples amizade mais sim um eterno companheiro.
“ O amor não se define, sente-se.” Séneca
Comentário: O amor não é algo simples e sim algo que vem de uma eterna paixão. Amor é um sentimento profundo e aquele que ama de verdade nem sempre saberá o que fazer nas horas mais difíceis, pois tem medo de falar ou fazer coisas que possam magoar a pessoa amada.
Patricia K. G. Ribeiro 1ºA
Comentário: Que mesmo com as dificuldades, com a batalha, vencerá a guerra, e que no fim a recompensa sempre virá.
“ Se o seu coração é aberto e sincero, você naturalmente se sente satisfeito e confiante, e não tem nenhuma razão para sentir medo dos outros.” Dalai Lama
Comentário: Que claro, mais vale uma alma limpa pra si mesmo, que um pensamento incerto para os outros.
Érika Cristine de Lima 3ºA
“Transportai um punhado de terras todos os dias e fareis uma montanha.” Confúcio
Comentário: Todos nós quando começamos a entender a vida travamos sonhos em nossos corações:
“Quando eu crescer quero ser professora”, “quando eu crescer quero ser advogado”, “quando eu crescer quero ser um médico”, e se esse sonho for muito intenso, muito forte então o colocamos em prática. Começamos então estudando e pondo toda a atenção voltada para os estudos, pois, estudo é tudo, nos dedicamos pois temos um ideal, um sonho a ser conquistado, lutamos, não olhamos para os problemas e enfrentando-os com muito vigor, pois deseja alcançar seu ideal. E de pouco a pouco terminamos o ensino médio, cursamos uma faculdade, trabalhamos para manter aquele ideal em pé. E como quem luta sempre vence, quem conquista merece um troféu, conquistamos os nossos sonhos, nos formamos, e como disse Confúcio: “Transportai um punhado de terras todos os dias e fareis uma montanha.”
Assim como as formiguinhas que trabalham o verão inteiro para juntar alimento para o inverno, assim somos nós construímos sonhos e os tornamos realidade.
“Use sua força para guiar seu destino, tudo o que desejar com intensidade pode transformar o seu caminho. Quem acredita nos sonhos tem apenas uma direção sempre em frente.”
“Lute pelos seus sonhos todos os dias que no final os verá realizados.”
Ana Paula 1ºA
“ Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.” Confúcio
Comentário: Cada dia ao conquistar mais nosso conhecimento, ele aumentara fazendo com que nós possamos escolher uma área do conhecimento para se especializar, e com isso nosso conhecimento se tornara grandioso fazendo com que um dia a gente possa ter um futuro promissor...
Letícia vitoria chagas 1°A
“ Aquilo que um homem se torna ao longo da vida, depende fundamentalmente de duas coisas: As oportunidades que teve e as escolhas que fez.” James Tentee
Comentário: Por isso devemos fazer as escolhas corretas de coração, porque as oportunidades são poucas e difíceis.
Jéssica Talita Sprada 3º A
“ A alma nos ordena conhecer aquele que nos adverte.” Sócretes
Comentário: Temos que conhecer a nós mesmos, pois quem melhor que nossa consciência para nos direcionar à opção certa.
Fransuisy 1º A
“Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.” Sócrates
Comentário: Quer dizer que para conhecermos amigos para que sejam dignos de nossa amizade, devemos em nós mesmos admirar as qualidades que existe naquela pessoa que a gente gosta e ver se nós somos dignos de ter a amizade dela e desenvolver todo o nosso esforço para termos uma amizade eterna. Pois ter um amigo, não é ter uma simples amizade mais sim um eterno companheiro.
“ O amor não se define, sente-se.” Séneca
Comentário: O amor não é algo simples e sim algo que vem de uma eterna paixão. Amor é um sentimento profundo e aquele que ama de verdade nem sempre saberá o que fazer nas horas mais difíceis, pois tem medo de falar ou fazer coisas que possam magoar a pessoa amada.
Patricia K. G. Ribeiro 1ºA
Poesias do Juliano
Meu nome
Meu nome soa leve e fundo
Ecoa pelos espaços oriundos do
Vasto universo, do espaço do
Mundo,
Meu nome não é história
Mas enciste em ficar preso
Na memória,
Sou um louco sensível
Com talento brilhante inesquecível,
Sou um tolo
Que mal escrevo
E leio torto,
Será meu nome estudado no futuro
Ou apenas selado em meu túmulo
Frio escuro?
Meu nome soa leve e fundo
Até anima o moribundo,
Meu nome é ... que almeja
Abraçar o mundo e mostrar o ser
Humano o segredo do triunfo.
Sonhadora
... Que lindo campo em flores,
Que beleza esplendorosa
Neste campo de amores,
Veja a mais linda borboleta
Sua luz, sua cor
Mostram o dom de
Toda beleza,
Veja essa flor,
Não existe mais bela
Mais cintilante
Aquarela.
Esse céu tão límpido
De nuvens tão claras
Rasgam o véu
Da viúva solitária,
Meu Deus que bichinho
Estranho e curioso,
Da beleza rara e veneno
Perigoso,
Sonhadora, sonhadora
Acorda vai perder a hora,
Não, acordar não
Quero ser só por hoje
Apenas sonhadora...
Iguais?
Estamos juntos nessa loucura
Vivendo em condições
De verdadeira tortura,
Estamos juntos nessa cadeia
Presos as violências, as culturas,
As religiões, as obrigações dessa
Teia,
Homens são homens
Mulheres, mulheres
Não há direito de amar com liberdade
Conceitos em forma de algemas
Reprimem a desordem
-Mais que desordem?
Existe amor desordenado?
Não! Se o amor existe é
Pra ser amado.
Quem disse que ser diferente é errado?
Se tão somente sabe-se,
Que vivemos na era social
Do homem dourado,
Basta, chega dessa tortura
Fingindo razão, presos a mitologias
Infundadas dessa loucura,
Somos seres supremos
Mais estamos em decadência
Regredindo para os comportamentos
Animalescos inserenos,
Somos racionais
Não precisamos nos prender
A dogmas existentes no instinto
Dos animais,
Somos inteligentes, não é necessário
Viver nessa loucura,
Somos seres humanos, nosso instinto
É a tortura.
Amor cabe a inseto com inseto
Cabe a animal com anima
Amor cabe a sol com luar
Cabe, sim a céu com mar
Porque não caberia a mulher com mulher
Ou homem com homem?
Se para, para a união é preciso a essência
Do amar é preciso trocar o olhar,
Não existe diferenças, não existe dogmas
Não existe mito fundado sobre
Errada lógica,
Chega dessa loucura!
De separar o branco do preto
A clara da gema
O homem da mulher
O certo do errado
O triste do feliz,
A chuva do sol
As estrelas do dia
Basta, pare essa cirurgia, que fere
E perfura com fina agulha.
Somos seres racionais
Entende- se que não existe
Esse ou aquele para a moral humana
Mais sim o respeito e junção
De diferentes ângulos intelectuais,
Amor é pra ser amado
Homem com mulher
Mulher com homem,
Mulher com mulher
Homem com homem,
Amor não é cadeia, é liberdade
Amor não é hetero ou homo
Amor é divino,
Amor é sinal de igual
Amor é união
A verdadeira face do ser espiritual
Amor, sim, amor somos todos
Um único sinal
Uma única essência
Um único sentimento
Amor,
As cadeias precisam ser quebradas
Enfim todos podemos amar
Sem medo das açoitadas
Dos homens sem nada,
Sabemos agora,
Que diferença, só existe
Na memória
Sabemos então,
Que estamos ligados
pelo ( enleio) da paixão
Amor é o que nos homogeniza
O que une e não diferencia
Que traz real alegria,
Que não agoniza,
Amamos, pois somos iguais
Amamos pois somos espíritos sem ordem,
Sem cor, sem classificações sexuais,
Amamos pois fazemos parte
De uma única luz, que ilumina
O amplo espaço do universo
Trazendo a chave da liberdade
Em um único verso...
Meu nome soa leve e fundo
Ecoa pelos espaços oriundos do
Vasto universo, do espaço do
Mundo,
Meu nome não é história
Mas enciste em ficar preso
Na memória,
Sou um louco sensível
Com talento brilhante inesquecível,
Sou um tolo
Que mal escrevo
E leio torto,
Será meu nome estudado no futuro
Ou apenas selado em meu túmulo
Frio escuro?
Meu nome soa leve e fundo
Até anima o moribundo,
Meu nome é ... que almeja
Abraçar o mundo e mostrar o ser
Humano o segredo do triunfo.
Sonhadora
... Que lindo campo em flores,
Que beleza esplendorosa
Neste campo de amores,
Veja a mais linda borboleta
Sua luz, sua cor
Mostram o dom de
Toda beleza,
Veja essa flor,
Não existe mais bela
Mais cintilante
Aquarela.
Esse céu tão límpido
De nuvens tão claras
Rasgam o véu
Da viúva solitária,
Meu Deus que bichinho
Estranho e curioso,
Da beleza rara e veneno
Perigoso,
Sonhadora, sonhadora
Acorda vai perder a hora,
Não, acordar não
Quero ser só por hoje
Apenas sonhadora...
Iguais?
Estamos juntos nessa loucura
Vivendo em condições
De verdadeira tortura,
Estamos juntos nessa cadeia
Presos as violências, as culturas,
As religiões, as obrigações dessa
Teia,
Homens são homens
Mulheres, mulheres
Não há direito de amar com liberdade
Conceitos em forma de algemas
Reprimem a desordem
-Mais que desordem?
Existe amor desordenado?
Não! Se o amor existe é
Pra ser amado.
Quem disse que ser diferente é errado?
Se tão somente sabe-se,
Que vivemos na era social
Do homem dourado,
Basta, chega dessa tortura
Fingindo razão, presos a mitologias
Infundadas dessa loucura,
Somos seres supremos
Mais estamos em decadência
Regredindo para os comportamentos
Animalescos inserenos,
Somos racionais
Não precisamos nos prender
A dogmas existentes no instinto
Dos animais,
Somos inteligentes, não é necessário
Viver nessa loucura,
Somos seres humanos, nosso instinto
É a tortura.
Amor cabe a inseto com inseto
Cabe a animal com anima
Amor cabe a sol com luar
Cabe, sim a céu com mar
Porque não caberia a mulher com mulher
Ou homem com homem?
Se para, para a união é preciso a essência
Do amar é preciso trocar o olhar,
Não existe diferenças, não existe dogmas
Não existe mito fundado sobre
Errada lógica,
Chega dessa loucura!
De separar o branco do preto
A clara da gema
O homem da mulher
O certo do errado
O triste do feliz,
A chuva do sol
As estrelas do dia
Basta, pare essa cirurgia, que fere
E perfura com fina agulha.
Somos seres racionais
Entende- se que não existe
Esse ou aquele para a moral humana
Mais sim o respeito e junção
De diferentes ângulos intelectuais,
Amor é pra ser amado
Homem com mulher
Mulher com homem,
Mulher com mulher
Homem com homem,
Amor não é cadeia, é liberdade
Amor não é hetero ou homo
Amor é divino,
Amor é sinal de igual
Amor é união
A verdadeira face do ser espiritual
Amor, sim, amor somos todos
Um único sinal
Uma única essência
Um único sentimento
Amor,
As cadeias precisam ser quebradas
Enfim todos podemos amar
Sem medo das açoitadas
Dos homens sem nada,
Sabemos agora,
Que diferença, só existe
Na memória
Sabemos então,
Que estamos ligados
pelo ( enleio) da paixão
Amor é o que nos homogeniza
O que une e não diferencia
Que traz real alegria,
Que não agoniza,
Amamos, pois somos iguais
Amamos pois somos espíritos sem ordem,
Sem cor, sem classificações sexuais,
Amamos pois fazemos parte
De uma única luz, que ilumina
O amplo espaço do universo
Trazendo a chave da liberdade
Em um único verso...
O que isso tem a ver comigo?
Nos últimos anos a violência tem tomado conta nas proximidades das escolas, pois o tráfico de drogas aumentou, o número de desempregados vem crescendo e há muitas crianças fora da escola.
O tráfico de drogas é o maior causador de violência. Primeiro por financiar o crime e segundo, por aliciar jovens levando-os para o seu meio, tornando-os dependentes quimicos.
Em alguns casos, nas periferías, filhos de pais desempregados acabam indo para o crime, já que são menosprezados pela sociedade. Fora da escola, acabam sem instrução e sem chance no mercado de trabalho, optando por uma vida criminosa.
Com todos esses fatores favorecendo a criminalidade, junto com a displicência do govern, a população sente-se cada vez mais pressionada por marginais, deixando de viver livremente como no passado.
Oscar Junior – aluno do 3º ano de 2005 do Plinio
O tráfico de drogas é o maior causador de violência. Primeiro por financiar o crime e segundo, por aliciar jovens levando-os para o seu meio, tornando-os dependentes quimicos.
Em alguns casos, nas periferías, filhos de pais desempregados acabam indo para o crime, já que são menosprezados pela sociedade. Fora da escola, acabam sem instrução e sem chance no mercado de trabalho, optando por uma vida criminosa.
Com todos esses fatores favorecendo a criminalidade, junto com a displicência do govern, a população sente-se cada vez mais pressionada por marginais, deixando de viver livremente como no passado.
Oscar Junior – aluno do 3º ano de 2005 do Plinio
sábado, 17 de abril de 2010
Opinião: pulseiras do sexo

Pulseiras
do sexo
A secretaria de Educação de Manaus proibiu o uso de “pulseirinhas do sexo” entre alunos das 450 escolas municipais. O veto ocorre depois da morte de duas jovens que usavam o acessório. As pulseiras viraram moda por funcionar como um jogo: quem arrebenta o adereço de um colega, ganha uma “recompensa”, que pode ir de um beijo a relações sexuais. Além de Manaus, a pulseira foi proibida em Londrina e Maringá, onde ocorreu o estupro de uma garota de 13 anos por causa das pulseiras, em Santa catarina e em Sertãozinho, São Paulo.
Revista Época/abril/2010
A secretaria de Educação de Manaus proibiu o uso de “pulseirinhas do sexo” entre alunos das 450 escolas municipais. O veto ocorre depois da morte de duas jovens que usavam o acessório. As pulseiras viraram moda por funcionar como um jogo: quem arrebenta o adereço de um colega, ganha uma “recompensa”, que pode ir de um beijo a relações sexuais. Além de Manaus, a pulseira foi proibida em Londrina e Maringá, onde ocorreu o estupro de uma garota de 13 anos por causa das pulseiras, em Santa catarina e em Sertãozinho, São Paulo.
Revista Época/abril/2010
Veja o que alguns adolescentes do 3º ano do colegio Plinio pensam sobre isso:
“Uma pulseira que várias pessoas de várias idades usam, não deveria ter uma conotação sexual. Às vezes pode ser prejudicial, como ocorreu no caso da menina de treze anos estuprada por quatro rapazes por causa das pulseiras.
Acho correta a proibição. Pelo menos diminuirá os casos de violência. Sem contar o trauma psicológico que isso pode causar.
Os pais deveriam orientar e acompanhar seus filhos para coisas assim não acontecerem; se as pulseiras não tivessem conotação sexual não seria preocupante e óbvio que a maioria que usa sabe o significado.”
Anelize
“É uma questão polêmica o jogo das pulseiras, porque cada um tem uma opinião contra ou a favor. A meu ver, deveria ser proibida, porque muitas crianças entram nessa brincadeira sem saber o significado. Por exemplo, uma menina de 7 e 8 anos ao ver a irmã mais velha e a maioria das pessoas usando, vai querer usar mas não vai saber o significado. A proibição deveria ser: vender, usar nas escolas e em qualquer outro lugar. Por ser um jogo sem graça e desvalorizador.”
Fabíola,
“A minha opinião sobre o assunto, é de que devem sim proibir o uso das pulseiras. Vai da consciência de cada um usar ou não o acessório. Sou contra o uso e quem usa, com certeza já conhece essa febre e sabe das suas consequências e riscos.
Sabe-se que as pulseiras representam o sexo , cada cor destinada a um ato. Se por exemplo, uma menina usa a cor “rosa” , está supostamente afim de mostrar seus seios. Isso é vulgar e não acredito na inocência de quem usa.”
Kelen Iorrana Kosak
“Essas pulseiras e seus significados é uma idiotice. Sabendo que elas representam, o adolescente tinha que ter a consciência e não usá-las. As pessoas que usam já sabem o que está ariscado a acontecer com elas. E os pais tinham que ser os primeiros a proibir que seus filhos usassem. Com isso, teria que ter uma diminuição rápida nas vendas e acabaria saindo da tal moda insignificante. Essa situação gera uma polêmica, pois o significado delas já atrai o abuso. Além dos pais o governo também precisa executar a proibição.”
Daniele Cardoso
“A proibição da venda das pulseiras foi correta para poder evitar mais casos como o da menina de 13 anos, estuprada em Londrina, no dia 15 de Março de 2010.
Apesar de muitos adolescentes usarem as pulseiras apenas como adereço pessoal, sempre há alguém que leva a sério, no caso, pelo lado erótico, e acabam acontecendo casos como este.
Se a maioridade penal fosse reduzida, assim como o rapaz de 18 anos, os menores que cometeram o crime seriam punidos. Talvez, reduziria o número de casos.
Eu acho que a venda das pulseiras deveria ser proibida no Brasil todo, os lugares que ainda vendessem deveriam ser multados ou fechados, e os adolescentes que ainda usassem deveriam ser obrigados a se desfazer das mesmas.”
Thaís de Cristo Ripka
“Infelizmente isso já era algo previsto,cada adolescente que se submete a usar essas pulseiras sabe do significado de cada uma. Então vem a consequência do uso. Mas pode se considerar as exceções dos desinformados que usam sem saber o real significado e que podem vir a arcar com as consequências.” Suellen lisboa dos Santos
"Na minha opinião, os pais que deixam seus filhos usarem essas pulseiras estão arriscando a vida deles(...). A venda dessas pulseiras deveria ser proibida em todo o Brasil e quem vendesse deveria ser severamente punido."
Luis Henrique
"Sou contra o uso dessas pulseiras, porque tem coisas que precisamos evitar. Já que elas induzem ao sexo, e realmente tem esse significado, devemos alertar nossos jovens e crianças sobre o risco que estão correndo.
Vale a pena lembrar também que a juventude de hoje faz de tudo para ficar na moda, não estão nem ai com o significado de algumas coisas. Tá na moda, tá tudo beleza. Acham que certas coisas só acontece com os outros. Pode ser que não tenha nenhum significado para alguns, mas que é um incentivo para práticas alusivas ao sexo, não dá pra negar."
Cleverton
"A meu ver, a maioria das pessoas sabem o significado dessas pulseiras, mesmo assim, continuam usando. Isso, para mim, é pura falta de respeito com os outros e consigo mesmo."
Tatyane Malko
"Creio que a proibição é uma medida plausível, visto qua a sociedade moderna incentiva a erotização de crianças e a prática sexual acontece cada vez mais cedo. Quem incentiva, deve sofrer represálias. Bom mesmo seria a reeducação completa da sociedade a respeito desse assunto."
Gustavo
"Essas pulseirinhas fazem com que os jovens realizem os atos como uma espécie de "moda". Acho que o uso dessas pulseiras deveria ser evitado, mesmo para aqueles que usam sem a intenção dos significados, pois querendo ou não, elas estão hoje, ligadas a práticas sexuais sim.
Diessica
"Essas pulseiras influenciam e incentivam pessoas mal intencionadas, estupradores. Se não quiser arriscar a ser vítima deles, jogue suas pulseiras no lixo!"
Everson
"Essas pulseiras coloridas não influenciam na vida sexual dos jovens. Eles só precisam ter maturidade para refletir sobre o assunto e não deixar a vaidade levá-los a práticas de atos ilícitos"
Jhonatan
"Essas pulseiras são uma coisa idiota. Se minha filha (se eu fosse pai e quando for) aparecesse com essas pulseiras, eu daria uma boa surra nela"
Roger
"Na minha opinião, isso (estupro, morte) acabaria acontecendo mais cedo ou mais tarde, pois as pulseiras são apenas pretexto para praticar atos que os jovens desejam fazer mais não tem coragem na cara dura"
Itamar
"O estupro aconteceu por causa da pulseira, não há dúvidas. Então, por que se arriscar se não está a fim, de verdade, de fazer o que diz as cores que está usando?"
Diego
"Já são vários casos de estupro e abusos relatados no Brasil e no mundo devido ao uso das tais pulseiras. Elas influenciam crianças e adolescentes que, por curiosidade, acabam se envolvendo nessa brincadeira nada saudável e perigosa. Cabe aos pais tomarem consciência e orientar seus filhos sobre o perigo que elas representam."
Maycon
"Quem usa, geralmente sabe o que significa. Se não quiser fazer o que diz a pulseira, basta não usar."
Caroline
"Para manter a ordem, deveriam proibir o uso dessas pulseiras e até prender quem ousasse cometer algo que tivesse relação com elas, seja que significado for"
Graycikelly
"Levando em conta o que o uso das pulseiras vem causando, a venda dessas pulseiras deveriam ser proibidas o quanto antes, evitando maiores abusos por parte de gente mal intencionada."
Aline
"A responsabilidade não deve recair somente nos ombros de quem vende ou quem usa. É responsabilidade de todos. Quem vende deveria ser punido, caso houvesse a proibição, mas os pais também deveriam receber punição por permitir que seus filhos usem e fiquem a mercê de quem deseja praticar o mal."
Wellington
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Capítulo IX - Cinco Minutos
ERAM seis horas da tarde.
O sol se punha rapidamente e a noite, descendo do céu, envolvia a terra nas sombras.
Soprava um forte vento de sudoeste, que desde o momento da partida atrasava a nossa viagem; nossa luta era contra o mar e o vento.
O velho pescador, morto de cansaço e de sono, estava quase sem forças; o seu remo, que no início saltava sobre as ondas como um peixe, agora apenas batia de leve na água.
Eu, recostado na popa, e com os olhos fixos na linha azulada do horizonte, esperando ver a cada momento aparecer o perfil do meu belo Rio de Janeiro, começava seriamente a ficar impaciente.
À medida que o dia terminava, que as sombras cobriam o céu, um sentimento de tristeza e melancolia da noite no meio das ondas, tomavam conta do meu espírito.
Nesses momentos de reflexão, pensava que teria sido mais prudente esperar o dia seguinte e fazer uma viagem breve e rápida, do que ficar sujeito a mil contratempos e mil perigos, que no fim das contas nada adiantavam.
Na verdade já tinha anoitecido; e, ainda que conseguíssemos chegar à cidade por volta de nove ou dez horas, só no dia seguinte poderia ver Carlota e falar com ela.
Que adiantava toda a minha impaciência? Eu tinha matado um animal, tinha incomodado um pobre velho, gasto um monte de dinheiro, que poderia usar para ajudar alguém e feito essa caridade em nome e para lembrança dela.
Comecei a formar em minha mente uma triste idéia de mim; no meu modo de ver então as coisas, parecia que eu tinha feito do amor, que é uma sublime paixão, apenas uma estúpida mania; dizia a mim mesmo que o homem que não domina os seus sentimentos, é um escravo.
Tinha-me tornado filósofo, minha prima, mas com certeza você entenderá a razão.
Rodeado de água, dentro de uma canoa, por conta do vento e do mar, não podendo fazer nada para chegar ao meu destino a não ser esperar, só me restava lamentar e me arrepender do que tinha feito.
Por um momento pensei em me atirar na água e vencer a nado a distância que me separava dela; mas era noite, não tinha a luz para guiar-me, e me perderia naquele imenso mar.
Na verdade, do jeito que me encontrava aflito, eu nem sabia mesmo de que lado ficava a cidade.
Esperei então, e me arrependi sinceramente.
Dividi com o meu companheiro o lanche que tínhamos trazido; e fizemos um verdadeiro papel de contrabandistas ou piratas.
Caí na besteira de obrigá-lo a beber uma garrafa de vinho do Porto, eu bebi outra para acompanhá-lo. Pensava que deste modo ele renovaria as forças e chegaríamos mais depressa.
Quando acabamos a nossa magra refeição, o pescador começou a remar com uma força e um vigor que me reanimaram a esperança.
Assim, docemente envolvido pela idéia de vê-la e pelo barulho das ondas, com os olhos fixos na estrela da tarde, que desaparecia no horizonte e me sorria como que para me consolar, senti meus olhos fecharem-se, e dormi.
Quando acordei, minha prima, o sol derramava seus raios de ouro sobre o manto azulado das ondas: era dia claro.
Não sei onde estávamos; via ao longe algumas ilhas; o pescador dormia na proa, e ressonava como um bebê.
A canoa tinha vagado por conta da corrente; e o remo, que caiu naturalmente das mãos do velho, no momento em que ele cedeu à força invencível do sono, tinha desaparecido.
Estávamos no meio do mar, sem poder dar um passo, sem poder nos mexer.
Aposto, minha prima, que você acaba de dar uma risada, pensando na situação engraçada que eu estava vivendo; mas seria uma injustiça zombar de uma dor profunda, de uma angústia cruel como a que sofri naquele momento.
Os minutos e as horas, corriam de decepção em decepção; alguns barcos que passaram perto, apesar dos nossos gritos, seguiram o seu caminho, não podiam imaginar que com o tempo calmo e tranquilo que fazia, houvesse algum perigo para uma canoa que boiava tão levemente sobre as ondas.
O velho, que tinha acordado, nem se desculpava; mas a sua aflição era tão grande que quase me comoveu; o pobre homem arrancava os cabelos e mordia os beiços de raiva.
As horas correram assim nessa agonia do desespero. Chateados um com o outro, talvez culpando-nos mutuamente do que acontecia, não dissemos uma palavra, não fizemos um gesto.
Por fim anoiteceu. Não sei como não fiquei louco, lembrando-me de que estávamos no dia 18, e que o navio devia partir no dia seguinte.
Não era somente a idéia de uma ausência que me afligia; era também a lembrança do mal que ia causar a ela, que, não sabendo o que se passava, pensaria que eu era egoísta, acharia que eu a havia abandonado e que tinha ficado em Petrópolis, me divertindo.
Fiquei aterrorrizado com as conseqüências que poderia ter esse fato sobre a sua saúde tão frágil, sobre a sua vida, e me condenava já como assassino.
Lancei um olhar alucinado sobre o pescador e tive vontade de abraçá-lo e atirar-me com ele ao mar.
Oh! como sentia então o quanto o homem não é nada e a fraqueza da nossa raça, tão orgulhosa de sua superioridade e do seu poder!
De que me serviam a inteligência, a vontade e essa força invencível do amor, que me conduzia e me dava coragem para desafiar vinte vezes a morte?
Alguns metros d'água me retinham e me encadeavam naquele lugar como a um poste; a falta de um remo, isto é, de três palmos de madeira, criava para mim o impossível; um círculo de ferro me prendia, e para quebrar essa prisão, bastava-me que fosse um animal irracional.
A gaivota, que voava sobre as ondas com a ponta de suas asas brancas; o peixe, que fazia cintilar um momento seu dorso de escamas; o inseto, que vivia no meio das águas e plantas marinhas, eram reis dessa solidão, na qual o homem não podia sequer dar um passo.
Assim, blasfemando contra Deus e sua obra, sem saber o que fazia nem o que pensava, me entreguei à Providência divina; embrulhei-me no meu casaco, deitei e fechei os olhos, para não ver a noite passar e o dia nascer.
Tudo estava calmo e tranqüilo; as águas nem se moviam; apenas passava sobre o mar um sereno fino, que se diria hálito das ondas adormecidas.
De repente, me pareceu sentir que a canoa deixara de boiar à deriva; pensando que fosse ilusão, não me importei, até que um movimento contínuo e regular me convenceu.
Afastei a aba do casaco e olhei, com medo de me iludir; não vi o pescador; mas a alguns passos da proa percebi os rolos de espuma que formavam um corpo, agitando-se nas ondas.
Aproximei-me e vi o velho pescador, que nadava, puxando a canoa por uma corda que amarrara à cintura, para deixar-lhe os movimentos livres.
Admirei essa dedicação do pobre velho, que procurava remediar a sua falta fazendo um sacrifício que eu achava que era inútil: não era possível que um homem nadasse assim por muito tempo.
Dito e feito, passados alguns instantes, ele parou e saltou ligeiramente na canoa com medo de me acordar; a sua respiração fazia uma espécie de burburinho no seu peito largo e forte,
Bebeu um pouco de vinho e com o mesmo cuidado caiu na água e continuou a puxar a canoa.
Era alta noite quando nesse ritmo chegamos a uma espécie de praia, que teria quando muito duas dois quilômetros. O velho saltou e desapareceu.
Olhando para aquela escuridão, vi uma luz, que não pude distinguir se era fogo, se luz, senão quando uma porta, se abrindo e pude ver o interior de uma cabana.
O velho voltou com um outro homem, sentaram-se sobre uma pedra e começaram a falar em voz baixa. Comecei a ficar com medo; na verdade, minha prima, só me faltava, para completar a minha aventura, ter que lidar com ladrões.
A minha suspeita, porém, era injusta; os dois pescadores estavam à espera de dois remos que uma mulher lhes trouxe, e imediatamente embarcaram e começaram a remar com uma força espantosa.
A canoa resvalou sobre as ondas, ágil e veloz como um peixe.
Ergui-me para agradecer a Deus, ao céu, às estrelas, às águas, a toda a natureza enfim, o raio de esperança que me enviavam.
Uma faixa vermelha já se desenhava no horizonte; o oriente foi-se esclarecendo pouco a pouco, até que deixou aparecer o disco luminoso do sol.
A cidade começou a surgir, linda e graciosa.
A cada movimento de impaciência que eu fazia, os dois pescadores dobravam-se sobre os remos e a canoa voava. Assim nos aproximamos da cidade, passamos entre os navios, e nos dirigimos à Glória, onde pretendia desembarcar, para ficar mais próximo da casa dela.
Em um segundo tinha resolvido o que faria; chegar, vê-la, dizer-lhe que a queria, e embarcar nesse mesmo navio em que ela ia partir.
Não sabia que horas eram; mas há pouco havia amanhecido; tinha tempo para tudo, Eu só precisava de uma hora. Trocar dinheiro para Londres e a minha mala de viagem eram tudo o que eu precisava preparar; podia acompanhá-la ao fim do mundo.
Já via tudo cor-de-rosa, sorria e pensava na surpresa que ia fazer a ela que não me esperava mais.
A surpresa, porém, foi minha.
Quando passava diante do porto, descobri de repente o barco inglês: tinha começado a se mover vagarosamente em direção ao mar.
Carlota estava sentada sob o toldo do navio, com a cabeça encostada ao ombro de sua mãe e com os olhos no horizonte, na direção do lugar onde tínhamos passado a primeira e última hora de felicidade.
Quando me viu, fez um movimento como se quisesse lançar-se para mim; mas conteve-se, sorriu para sua mãe, e, cruzando as mãos no peito, ergueu os olhos ao céu, como para agradecer a Deus, ou para dirigir-lhe uma prece.
Trocamos um longo olhar, um desses olhares que levam toda a nossa alma e a trazem ainda palpitante das emoções que sentiu no outro coração; uma dessas correntes elétricas que ligam duas vidas em um só fio.
O vapor do barco, soltou um gemido surdo; as rodas abriram as águas; e o monstro marinho, rugindo, lançou-se ao mar.
Por muito tempo ainda vi o seu lenço branco agitar-se ao longe, como as asas brancas do meu amor, que fugia e voava ao céu.
O barco sumiu no horizonte.
O sol se punha rapidamente e a noite, descendo do céu, envolvia a terra nas sombras.
Soprava um forte vento de sudoeste, que desde o momento da partida atrasava a nossa viagem; nossa luta era contra o mar e o vento.
O velho pescador, morto de cansaço e de sono, estava quase sem forças; o seu remo, que no início saltava sobre as ondas como um peixe, agora apenas batia de leve na água.
Eu, recostado na popa, e com os olhos fixos na linha azulada do horizonte, esperando ver a cada momento aparecer o perfil do meu belo Rio de Janeiro, começava seriamente a ficar impaciente.
À medida que o dia terminava, que as sombras cobriam o céu, um sentimento de tristeza e melancolia da noite no meio das ondas, tomavam conta do meu espírito.
Nesses momentos de reflexão, pensava que teria sido mais prudente esperar o dia seguinte e fazer uma viagem breve e rápida, do que ficar sujeito a mil contratempos e mil perigos, que no fim das contas nada adiantavam.
Na verdade já tinha anoitecido; e, ainda que conseguíssemos chegar à cidade por volta de nove ou dez horas, só no dia seguinte poderia ver Carlota e falar com ela.
Que adiantava toda a minha impaciência? Eu tinha matado um animal, tinha incomodado um pobre velho, gasto um monte de dinheiro, que poderia usar para ajudar alguém e feito essa caridade em nome e para lembrança dela.
Comecei a formar em minha mente uma triste idéia de mim; no meu modo de ver então as coisas, parecia que eu tinha feito do amor, que é uma sublime paixão, apenas uma estúpida mania; dizia a mim mesmo que o homem que não domina os seus sentimentos, é um escravo.
Tinha-me tornado filósofo, minha prima, mas com certeza você entenderá a razão.
Rodeado de água, dentro de uma canoa, por conta do vento e do mar, não podendo fazer nada para chegar ao meu destino a não ser esperar, só me restava lamentar e me arrepender do que tinha feito.
Por um momento pensei em me atirar na água e vencer a nado a distância que me separava dela; mas era noite, não tinha a luz para guiar-me, e me perderia naquele imenso mar.
Na verdade, do jeito que me encontrava aflito, eu nem sabia mesmo de que lado ficava a cidade.
Esperei então, e me arrependi sinceramente.
Dividi com o meu companheiro o lanche que tínhamos trazido; e fizemos um verdadeiro papel de contrabandistas ou piratas.
Caí na besteira de obrigá-lo a beber uma garrafa de vinho do Porto, eu bebi outra para acompanhá-lo. Pensava que deste modo ele renovaria as forças e chegaríamos mais depressa.
Quando acabamos a nossa magra refeição, o pescador começou a remar com uma força e um vigor que me reanimaram a esperança.
Assim, docemente envolvido pela idéia de vê-la e pelo barulho das ondas, com os olhos fixos na estrela da tarde, que desaparecia no horizonte e me sorria como que para me consolar, senti meus olhos fecharem-se, e dormi.
Quando acordei, minha prima, o sol derramava seus raios de ouro sobre o manto azulado das ondas: era dia claro.
Não sei onde estávamos; via ao longe algumas ilhas; o pescador dormia na proa, e ressonava como um bebê.
A canoa tinha vagado por conta da corrente; e o remo, que caiu naturalmente das mãos do velho, no momento em que ele cedeu à força invencível do sono, tinha desaparecido.
Estávamos no meio do mar, sem poder dar um passo, sem poder nos mexer.
Aposto, minha prima, que você acaba de dar uma risada, pensando na situação engraçada que eu estava vivendo; mas seria uma injustiça zombar de uma dor profunda, de uma angústia cruel como a que sofri naquele momento.
Os minutos e as horas, corriam de decepção em decepção; alguns barcos que passaram perto, apesar dos nossos gritos, seguiram o seu caminho, não podiam imaginar que com o tempo calmo e tranquilo que fazia, houvesse algum perigo para uma canoa que boiava tão levemente sobre as ondas.
O velho, que tinha acordado, nem se desculpava; mas a sua aflição era tão grande que quase me comoveu; o pobre homem arrancava os cabelos e mordia os beiços de raiva.
As horas correram assim nessa agonia do desespero. Chateados um com o outro, talvez culpando-nos mutuamente do que acontecia, não dissemos uma palavra, não fizemos um gesto.
Por fim anoiteceu. Não sei como não fiquei louco, lembrando-me de que estávamos no dia 18, e que o navio devia partir no dia seguinte.
Não era somente a idéia de uma ausência que me afligia; era também a lembrança do mal que ia causar a ela, que, não sabendo o que se passava, pensaria que eu era egoísta, acharia que eu a havia abandonado e que tinha ficado em Petrópolis, me divertindo.
Fiquei aterrorrizado com as conseqüências que poderia ter esse fato sobre a sua saúde tão frágil, sobre a sua vida, e me condenava já como assassino.
Lancei um olhar alucinado sobre o pescador e tive vontade de abraçá-lo e atirar-me com ele ao mar.
Oh! como sentia então o quanto o homem não é nada e a fraqueza da nossa raça, tão orgulhosa de sua superioridade e do seu poder!
De que me serviam a inteligência, a vontade e essa força invencível do amor, que me conduzia e me dava coragem para desafiar vinte vezes a morte?
Alguns metros d'água me retinham e me encadeavam naquele lugar como a um poste; a falta de um remo, isto é, de três palmos de madeira, criava para mim o impossível; um círculo de ferro me prendia, e para quebrar essa prisão, bastava-me que fosse um animal irracional.
A gaivota, que voava sobre as ondas com a ponta de suas asas brancas; o peixe, que fazia cintilar um momento seu dorso de escamas; o inseto, que vivia no meio das águas e plantas marinhas, eram reis dessa solidão, na qual o homem não podia sequer dar um passo.
Assim, blasfemando contra Deus e sua obra, sem saber o que fazia nem o que pensava, me entreguei à Providência divina; embrulhei-me no meu casaco, deitei e fechei os olhos, para não ver a noite passar e o dia nascer.
Tudo estava calmo e tranqüilo; as águas nem se moviam; apenas passava sobre o mar um sereno fino, que se diria hálito das ondas adormecidas.
De repente, me pareceu sentir que a canoa deixara de boiar à deriva; pensando que fosse ilusão, não me importei, até que um movimento contínuo e regular me convenceu.
Afastei a aba do casaco e olhei, com medo de me iludir; não vi o pescador; mas a alguns passos da proa percebi os rolos de espuma que formavam um corpo, agitando-se nas ondas.
Aproximei-me e vi o velho pescador, que nadava, puxando a canoa por uma corda que amarrara à cintura, para deixar-lhe os movimentos livres.
Admirei essa dedicação do pobre velho, que procurava remediar a sua falta fazendo um sacrifício que eu achava que era inútil: não era possível que um homem nadasse assim por muito tempo.
Dito e feito, passados alguns instantes, ele parou e saltou ligeiramente na canoa com medo de me acordar; a sua respiração fazia uma espécie de burburinho no seu peito largo e forte,
Bebeu um pouco de vinho e com o mesmo cuidado caiu na água e continuou a puxar a canoa.
Era alta noite quando nesse ritmo chegamos a uma espécie de praia, que teria quando muito duas dois quilômetros. O velho saltou e desapareceu.
Olhando para aquela escuridão, vi uma luz, que não pude distinguir se era fogo, se luz, senão quando uma porta, se abrindo e pude ver o interior de uma cabana.
O velho voltou com um outro homem, sentaram-se sobre uma pedra e começaram a falar em voz baixa. Comecei a ficar com medo; na verdade, minha prima, só me faltava, para completar a minha aventura, ter que lidar com ladrões.
A minha suspeita, porém, era injusta; os dois pescadores estavam à espera de dois remos que uma mulher lhes trouxe, e imediatamente embarcaram e começaram a remar com uma força espantosa.
A canoa resvalou sobre as ondas, ágil e veloz como um peixe.
Ergui-me para agradecer a Deus, ao céu, às estrelas, às águas, a toda a natureza enfim, o raio de esperança que me enviavam.
Uma faixa vermelha já se desenhava no horizonte; o oriente foi-se esclarecendo pouco a pouco, até que deixou aparecer o disco luminoso do sol.
A cidade começou a surgir, linda e graciosa.
A cada movimento de impaciência que eu fazia, os dois pescadores dobravam-se sobre os remos e a canoa voava. Assim nos aproximamos da cidade, passamos entre os navios, e nos dirigimos à Glória, onde pretendia desembarcar, para ficar mais próximo da casa dela.
Em um segundo tinha resolvido o que faria; chegar, vê-la, dizer-lhe que a queria, e embarcar nesse mesmo navio em que ela ia partir.
Não sabia que horas eram; mas há pouco havia amanhecido; tinha tempo para tudo, Eu só precisava de uma hora. Trocar dinheiro para Londres e a minha mala de viagem eram tudo o que eu precisava preparar; podia acompanhá-la ao fim do mundo.
Já via tudo cor-de-rosa, sorria e pensava na surpresa que ia fazer a ela que não me esperava mais.
A surpresa, porém, foi minha.
Quando passava diante do porto, descobri de repente o barco inglês: tinha começado a se mover vagarosamente em direção ao mar.
Carlota estava sentada sob o toldo do navio, com a cabeça encostada ao ombro de sua mãe e com os olhos no horizonte, na direção do lugar onde tínhamos passado a primeira e última hora de felicidade.
Quando me viu, fez um movimento como se quisesse lançar-se para mim; mas conteve-se, sorriu para sua mãe, e, cruzando as mãos no peito, ergueu os olhos ao céu, como para agradecer a Deus, ou para dirigir-lhe uma prece.
Trocamos um longo olhar, um desses olhares que levam toda a nossa alma e a trazem ainda palpitante das emoções que sentiu no outro coração; uma dessas correntes elétricas que ligam duas vidas em um só fio.
O vapor do barco, soltou um gemido surdo; as rodas abriram as águas; e o monstro marinho, rugindo, lançou-se ao mar.
Por muito tempo ainda vi o seu lenço branco agitar-se ao longe, como as asas brancas do meu amor, que fugia e voava ao céu.
O barco sumiu no horizonte.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Pensamentos filosóficos
“Mais vale uma cabeça bem feita que bem cheia.” Montaigne
Comentário: Ter uma cabeça em ordem é melhor que ter uma cabeça perdida em pensamentos.
“O sábio nunca diz tudo o que pensa, mais pensa sempre tudo o que diz.” Aristóteles
Comentário: O sábio não é quem tem a informação, mais o que pensa no que vai falar.
“A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas.” Francis Bacon
Comentário: Quando você tem amigos eles ajudam nas horas tristes, quanto mais amigos mais pessoas pra te ajudar com seus problemas.
“Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torna poeta quando o amor toma conta dele.” Platão
Comentário:Pode ser uma pessoa que não entende nada de poesia, mais quando está apaixonado vira poeta.
Eduardo Rodrigues Araujo 1ºA / 2010
Comentário: Ter uma cabeça em ordem é melhor que ter uma cabeça perdida em pensamentos.
“O sábio nunca diz tudo o que pensa, mais pensa sempre tudo o que diz.” Aristóteles
Comentário: O sábio não é quem tem a informação, mais o que pensa no que vai falar.
“A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas.” Francis Bacon
Comentário: Quando você tem amigos eles ajudam nas horas tristes, quanto mais amigos mais pessoas pra te ajudar com seus problemas.
“Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torna poeta quando o amor toma conta dele.” Platão
Comentário:Pode ser uma pessoa que não entende nada de poesia, mais quando está apaixonado vira poeta.
Eduardo Rodrigues Araujo 1ºA / 2010
Pensamentos filosóficos
“A dúvida é o princípio da sabedoria.” Aristóteles
Comentário: Questionar é o que precisamos fazer para entender.
As frases abaixo ainda estão sem comentários.
“Aprender sem pensar é tempo perdido.” Confúcio
“Uma vida não questionada não merece ser vivida.” Platão
“Só sei que nada sei.” Sócrates
“O sábio nunca diz o que pensa, mais pensa sempre tudo o que diz.” Aristóteles
Jéssica Tavarez 1ºA / 2010
Comentário: Questionar é o que precisamos fazer para entender.
As frases abaixo ainda estão sem comentários.
“Aprender sem pensar é tempo perdido.” Confúcio
“Uma vida não questionada não merece ser vivida.” Platão
“Só sei que nada sei.” Sócrates
“O sábio nunca diz o que pensa, mais pensa sempre tudo o que diz.” Aristóteles
Jéssica Tavarez 1ºA / 2010
Poesias de Juliano Araújo Turma 1ºA
O feio
Esplêndida luz irradia,
De um corpo transfigurado
Que mutuamente dissecam
A luz triste do dia.
Dos olhos lamejam lagrimas frias,
E da alma do feio só resta
A solidão de uma vida que pensa
Que vivia
Alma de fogo que ilumina e aquece,
Junto a potência destrutiva desde,
Que por onde passa a vida desaparece...
Transfiguração? Erro? Defeito?
Marcas? Ou feridas?
Não são sangrias do coração.
Sangue ardente, pensamentos assomeram
Sua mente,
Essa é a vida do feio,
Não olham sua alma de fogo,
Mas julgam sua aparência inocente.
Encanto
Você que prendeu minha mente
Em sonhos de flores de todo o tipo
De cor, fazendo-me olhar somente
Pra ti amor,
Você que ilumina minhas noites
Com seus olhos que trazem a luz,
Da beleza, da pureza, da paixão
Que tem em mão cordas de açoites.
Você de pele clara, com a cor e maciez
Da flor mais rara,
Você prendeu-me nos laços do encanto,
Cegou-me dos espaços circundantes a mim,
E deixei-me guiar apenas pelo brilho do seu
Amor amante,
Você meu encanto tirou-me das sombras
Que assustavam-me e deixavam-me
Caído aos cantos,
Você de olhos azuis, que mais parecem
Um dia ensolarado, sem nenhuma
Nuvem ao céu límpido, me trazem a
Certeza de que estou apaixonado
Você meu encanto, de mente
Inteligente de corpo e alma
Entregue aos livros, me fascina te ver mergulhando
No conhecimento abrangente,
Você, você é o meu encanto
Que trouxe escuridão a minha visão
E luz ao meu coração,
Você eterno encanto da paixão.
Esplêndida luz irradia,
De um corpo transfigurado
Que mutuamente dissecam
A luz triste do dia.
Dos olhos lamejam lagrimas frias,
E da alma do feio só resta
A solidão de uma vida que pensa
Que vivia
Alma de fogo que ilumina e aquece,
Junto a potência destrutiva desde,
Que por onde passa a vida desaparece...
Transfiguração? Erro? Defeito?
Marcas? Ou feridas?
Não são sangrias do coração.
Sangue ardente, pensamentos assomeram
Sua mente,
Essa é a vida do feio,
Não olham sua alma de fogo,
Mas julgam sua aparência inocente.
Encanto
Você que prendeu minha mente
Em sonhos de flores de todo o tipo
De cor, fazendo-me olhar somente
Pra ti amor,
Você que ilumina minhas noites
Com seus olhos que trazem a luz,
Da beleza, da pureza, da paixão
Que tem em mão cordas de açoites.
Você de pele clara, com a cor e maciez
Da flor mais rara,
Você prendeu-me nos laços do encanto,
Cegou-me dos espaços circundantes a mim,
E deixei-me guiar apenas pelo brilho do seu
Amor amante,
Você meu encanto tirou-me das sombras
Que assustavam-me e deixavam-me
Caído aos cantos,
Você de olhos azuis, que mais parecem
Um dia ensolarado, sem nenhuma
Nuvem ao céu límpido, me trazem a
Certeza de que estou apaixonado
Você meu encanto, de mente
Inteligente de corpo e alma
Entregue aos livros, me fascina te ver mergulhando
No conhecimento abrangente,
Você, você é o meu encanto
Que trouxe escuridão a minha visão
E luz ao meu coração,
Você eterno encanto da paixão.
Pensamentos filosóficos
“O que mais te surpreende na humanidade?...Os homens...Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer...e morrem como se nunca tivessem vivido...” Bob Marley
Comentário: Os homens, talvez, criaturas ingratas por virem a existir sem nada sequer e passam a terem sede por conforto e luxuria e muitas vezes se esquecem de sentimentos nobres como amor ao próximo, amor a natureza e amor a vida. Alguns buscam esse conforto com maldade, sem o minimo de respeito a vida, porém outras pessoas , jamais alcançarão esses benefícios, talvez por falta de oportunidade ou talvez por ainda não perderem o amor pela vida.
“Mantenha seus pensamentos positivos porque pensamentos tornam-se suas palavras. Mantenha suas palavras positivas porque suas palavras tornam-se suas atitudes. Mantenha suas atitudes positivas porque suas atitudes tornam-se seus hábitos. Mantenha seus hábitos positivos porque seus hábitos tornam-se seus valores. Mantenha seus valores positivos porque seus valores...Tornam-se seu destino.” Mahatma Gandhi
Comentário:Se você é um pessoa negativa, com certeza ira pensar que nada esta dando certo em sua vida por mais certo que as coisas estejam, e ser uma pessoa positiva não é você pensar exatamente que esta indo tudo as mil maravilhas em sua vida é você simplesmente aceitar os erros e os acertos sem jamais perder sua fé.
“Esforce-se não por tornar-se uma pessoa de sucesso, mais uma pessoa de valor!” Albert Einstein
Comentários: Temos que buscar no valor moral, na ética, e no bom senso as formar de alcançarmos a felicidade, sem sermos praticamente alienados pelo sucesso, porque o sucesso não pode definir o que realmente somos e sim o que mostramos aos outros, e se caso, haver sucesso que também haja caráter.
“Só existem dois dias do ano em que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.” Dalai Lama
Comentários: Não devemos nos influenciar pelo passado e nem pelo futuro esquecendo de viver o hoje, o agora, porque o mais importante é acordarmos cada dia procurando fazer o bem, fazer o melhor possível, não esquecendo totalmente o passado, mais trazendo dele os momentos que nos ajude a crescer, a acreditar, e não os momentos que nos fazem regredir. Da mesma forma não devemos esperar grandes expectativas para o futuro sem agirmos agora para que esse futuro torne-se real.
Glória Carolina Wilkomm da Silva 3ºA (Ensino Médio)
Comentário: Os homens, talvez, criaturas ingratas por virem a existir sem nada sequer e passam a terem sede por conforto e luxuria e muitas vezes se esquecem de sentimentos nobres como amor ao próximo, amor a natureza e amor a vida. Alguns buscam esse conforto com maldade, sem o minimo de respeito a vida, porém outras pessoas , jamais alcançarão esses benefícios, talvez por falta de oportunidade ou talvez por ainda não perderem o amor pela vida.
“Mantenha seus pensamentos positivos porque pensamentos tornam-se suas palavras. Mantenha suas palavras positivas porque suas palavras tornam-se suas atitudes. Mantenha suas atitudes positivas porque suas atitudes tornam-se seus hábitos. Mantenha seus hábitos positivos porque seus hábitos tornam-se seus valores. Mantenha seus valores positivos porque seus valores...Tornam-se seu destino.” Mahatma Gandhi
Comentário:Se você é um pessoa negativa, com certeza ira pensar que nada esta dando certo em sua vida por mais certo que as coisas estejam, e ser uma pessoa positiva não é você pensar exatamente que esta indo tudo as mil maravilhas em sua vida é você simplesmente aceitar os erros e os acertos sem jamais perder sua fé.
“Esforce-se não por tornar-se uma pessoa de sucesso, mais uma pessoa de valor!” Albert Einstein
Comentários: Temos que buscar no valor moral, na ética, e no bom senso as formar de alcançarmos a felicidade, sem sermos praticamente alienados pelo sucesso, porque o sucesso não pode definir o que realmente somos e sim o que mostramos aos outros, e se caso, haver sucesso que também haja caráter.
“Só existem dois dias do ano em que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.” Dalai Lama
Comentários: Não devemos nos influenciar pelo passado e nem pelo futuro esquecendo de viver o hoje, o agora, porque o mais importante é acordarmos cada dia procurando fazer o bem, fazer o melhor possível, não esquecendo totalmente o passado, mais trazendo dele os momentos que nos ajude a crescer, a acreditar, e não os momentos que nos fazem regredir. Da mesma forma não devemos esperar grandes expectativas para o futuro sem agirmos agora para que esse futuro torne-se real.
Glória Carolina Wilkomm da Silva 3ºA (Ensino Médio)
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Capítulo VIII - Cinco Minutos
DEVOREI toda esta carta em um fôlego só.
Meus olhos corriam sobre o papel como o meu pensamento, sem parar, sem hesitar, poderia até dizer sem respirar.
Quando acabei de ler, só tinha um desejo: era o de ir ajoelhar-me a seus pés e receber como uma bênção do céu esse amor sublime e santo.
Como sua mãe, lutaria contra o destino, eu a cercaria de tanto carinho e de tanta adoração, tornaria sua vida tão bela e tão tranqüila, prenderia tanto sua alma à terra, que seria impossível deixá-la partir.
Criaria para ela com o meu coração um mundo novo, sem as misérias e as lágrimas deste mundo em que vivemos; um mundo só de alegria, onde a dor e o sofrimento não pudessem entrar.
Pensava que devia haver no mundo algum lugar desconhecido, algum canto de terra ainda sem o contato do homem, onde a natureza intocada conservaria o perfume dos primeiros tempos da criação e o contato das mãos de Deus quando a desenvolveu.
Aí era impossível que o ar não desse vida; que o raio do sol não viesse carregado de um átomo de fogo celeste; que a água, as árvores, a terra, cheia de tanta força e de tanto energia, não transmitisse na criatura essa vitalidade poderosa da natureza no seu inicial esplendor.
Iríamos, então, a um desses lugares desconhecidos; o mundo abria-se diante de nós e eu me sentia com bastante força e bastante coragem para levar o minha amada além dos mares e das montanhas, até achar um lugar onde esconder a nossa felicidade.
Nesses lugares, tão espaçosos, tão amplos, não haveria sequer vida bastante para duas criaturas que apenas pediam um palmo de terra e um sopro de ar, a fim de poderem elevar a Deus, como uma prece constante, o seu amor tão puro?
Ela me dava vinte e quatro horas para pensar e eu não queria nem um minuto, nem um segundo.
Que me importavam o meu futuro e a minha existência se eu os sacrificaria de bom grado para dar a ela mais um dia de vida?
Todas estas ideias, minha prima, passavam pelo meu espirito, rápidas e confusas, enquanto eu fechava na caixinha de madeira os objetos preciosos que ela me enviou, anotei na minha carteira o seu endereço, escrito no fim da carta, e atravessei o espaço que me separava da porta do hotel.
Aí encontrei o empregado da noite seguinte.
— A que horas sai o barco da Estrela?
— Ao meio-dia.
Eram onze horas; no espaço de uma hora eu faria os quatro quilômetros que me separavam daquele porto.
Olhei ao meu redor com uma espécie de desespero.
Não tinha um trono, como Ricardo III, para oferecer em troca de um cavalo; mas tinha a realeza do nosso século, tinha dinheiro.
A dois passos da porta do hotel estava um cavalo, que o seu dono segurava pela rédea.
— Quero comprar este cavalo, eu disse, caminhando para ele, sem mesmo perder tempo em cumprimentá-lo.
— Não pretendia vendê-lo, respondeu-me o homem educadamente; mas, se o senhor está disposto a dar o preço que ele vale...
— Não importa o preço; compro o cavalo arreado como está.
O sujeito me olhou admirado; porque, pra falar a verdade, os seus arreios não valiam nada.
Quanto a mim, já tinha tirado as rédeas da mão do homem e, sentado no selim, esperava que me dissesse quanto tinha de lhe pagar.
— Não se assuste, fiz uma aposta e preciso de um cavalo para ganhá-la.
Com essa explicação, o homem pareceu compreender a natureza do meu ato e a pressa que eu tinha. Pegou o dinheiro sorrindo e disse, acenando para mim com as mãos, pois já estava dobrando a esquina:
— Espero que ganhe a aposta; o animal é excelente!
Na verdade era uma aposta que eu tinha feito comigo mesmo, ou antes com a minha razão, a qual me dizia que era impossível chegar a tempo de pegar o barco, e que eu tinha feito uma extravagância sem necessidade, pois bastava ter paciência por vinte e quatro horas.
Mas o amor não compreende esses cálculos e esses raciocínios próprios da fraqueza humana; criado com uma migalha do fogo divino, ele eleva o homem acima da terra, desprende-o do chão e dá-lhe força para dominar todos os obstáculos, para querer o impossível.
Esperar tranqüilamente um dia para dizer que eu a amava e queria amá-la com todo o culto e admiração que me inspirava a sua nobre renúncia, me parecia quase uma desonra.
Seria o mesmo que dizer a ela que tinha pensado friamente, que tinha pesado todos os prós e os contras do passo que ia dar, que havia calculado como um egoísta a felicidade que ela me oferecia.
Não só a minha alma se revoltava contra esta ideia; mas sabia que ela, com a sua extrema delicadeza de sentimento, embora não reclamasse, ficaria magoada por ser alvo de uma análise desse tipo.
A minha viagem foi uma corrida louca, furiosa, fantástica. O cavalo, passava por entre a cerração da manhã, que cobria os cumes da serra, como uma sombra que fugia rápida e veloz.
Diria até que alguma rocha colocada em uma das cabeças da montanha tinha-se soltado, e rolava surdamente pelas encostas tal o vento que fazia a passagem do cavalo.
As árvores, cercadas de neblina, fugiam diante de mim como fantasmas; o chão desaparecia sob os pés do animal; às vezes parecia que a terra ia faltar e que o cavalo e cavaleiro rolavam por algum desses abismos imensos e profundos.
Mas, de repente, entre uma aberta de neblina, eu vi a linha azulada do mar e fechei os olhos e apressei ainda mais o meu cavalo, gritando-lhe ao ouvido a palavra de Byron:
— Away!
Ele parecia me entender e avançava numa corrida desesperada; não galopava, voava; seus pés, como que conduzidos por quatro molas de aço, nem tocavam a terra.
Assim, minha prima, devorando o espaço e a distância, foi ele, o nobre animal, cair exausto a alguns passos apenas da praia; a coragem, as forças e a vida só o tinham abandonado no fim da viagem.
Em pé, ainda sobre o cadáver desse companheiro leal, avistei a poucos metros o barco que navegava ligeiramente para a cidade.
Alí fiquei, por quase uma hora, seguindo com os olhos esse barco que levava a minha amada; e quando o barco desapareceu, olhei ainda por bom tempo os flocos de fumaça que ele deixava no ar e que o vento desfazia a pouco e pouco.
Por fim, quando tudo desapareceu e que nada mais me falava dela, olhei ainda o mar por onde havia passado e o horizonte que a escondia dos meus olhos.
O sol soltava raios de fogo; mas eu nem me importava com o sol; todo o meu espírito e os meus sentidos se concentravam em um único pensamento; encontrá-la, vê-la em uma hora, em um momento, se possível fosse.
Um velho pescador arrastava nesse momento a sua canoa à praia.
Aproximei-me e disse-lhe:
— Meu amigo, preciso ir à cidade, perdi a barca e gostaria que você me levasse em sua canoa.
— Mas se eu acabei de chegar!
— Não importa; pagarei o seu trabalho, pago também o incômodo que isto lhe causa.
— Não posso, não, senhor, não é pelo dinheiro, mas é que passei a noite toda no mar e estou caindo de sono.
— Escute, meu amigo...
— Não perca seu tempo, senhor; quando eu digo não, é não; e está dito.
E o velho continuou a arrastar a sua canoa.
— Está bem, não vamos mais falar nisto; mas vamos conversar um pouco.
— Como senhor quiser.
— A sua pesca rende bastante?
— Que rende nada!...
— Mas então me diga: Se houvesse um jeito de ganhar em um só dia o que pode ganhar em um mês, não enjeitaria não é?
— Isto é coisa que se pergunte?
— Mesmo quando fosse preciso embarcar depois de passar uma noite em claro no mar?
— Ainda que devesse remar três dias e três noites, sem dormir nem comer.
— Nesse caso, meu amigo, prepare-se, que vai ganhar o seu mês de pescaria; leve-me à cidade.
— Ah! Assim já é outra coisa! Por que não disse logo?...
— E precisava explicar mais?!
— Bem diz o ditado que é falando que a gente se entende.
— Então está decidido. Vamos embarcar?
— Com licença; preciso de um instantinho para avisar minha mulher; mas é um passo lá e outro cá.
— Olhe, não demore; tenho muita pressa.
— É em um fechar de olhos, disse ele, correndo na direção da vila.
Mal ele tinha dado vinte passos, parou, hesitou, e por fim voltou lentamente pelo mesmo caminho.
Eu tremia; julgava que tinha se arrependido, que vinha apresentar-me algum novo empecilho. Chegou perto de mim de olhos baixos e coçando a cabeça.
— O que aconteceu, meu amigo? perguntei-lhe com uma voz que esforçava por ter calma.
- É que... o senhor disse que pagava um mês...
— Isso mesmo; e, se duvida, disse, levando a mão ao bolso.
— Não, senhor, Deus me livre de desconfiar do senhor!
Mas é que... bem, o mês agora tem menos um dia que os outros!
Não pude deixar de achar graça do medo do velho; nós estávamos no mês de fevereiro.
— Não se importe com isto; quando eu digo um mês, é um mês de trinta e um dias; os outros são meses aleijados, e não contam.
— É isso mesmo, disse o velho, rindo da minha idéia; assim como quem diz, um homem sem um braço. Ah!... ah!...
E, continuando a rir, seguiu para sua casa e desapareceu.
Quanto a mim, estava tão contente com a idéia de chegar à cidade em algumas horas, que não pude deixar também de rir do caráter original do pescador.
Estou contando a você essas cenas e as outras que seguiram com todos os detalhes por duas razões, minha prima.
A primeira é porque desejo que entenda bem o drama simples que decidi lhe contar; a segunda é porque tenho tantas vezes repassado na memória as menores particularidades dessa história, tenho ligado de tal maneira o meu pensamento a essas lembranças, que não quero deixar de fora nem um único detalhe; sinto que se fizesse isso, tiraria uma parte de minha vida.
Depois de duas horas de espera e de impaciência, embarquei nessa casquinha de noz, que saltou sobre as ondas, conduzida pelo braço ainda forte e ágil do velho pescador.
Antes de partir, mandei enterrar o meu pobre cavalo; não podia deixar assim exposto aos urubus o corpo desse nobre animal, que eu tinha tirado do seu dono, para sacrificá-lo para satisfação de um capricho meu.
Talvez isso lhe pareça uma infantilidade; mas você é mulher, minha prima, e deve saber que, quando se ama como eu amava, tem-se o coração tão cheio de afeição, que espalha uma atmosfera de sentimento em torno de nós que toma conta até dos objetos inanimados, quanto mais das criaturas, ainda irracionais, que um momento se ligaram à nossa existência para realização de um desejo.
Meus olhos corriam sobre o papel como o meu pensamento, sem parar, sem hesitar, poderia até dizer sem respirar.
Quando acabei de ler, só tinha um desejo: era o de ir ajoelhar-me a seus pés e receber como uma bênção do céu esse amor sublime e santo.
Como sua mãe, lutaria contra o destino, eu a cercaria de tanto carinho e de tanta adoração, tornaria sua vida tão bela e tão tranqüila, prenderia tanto sua alma à terra, que seria impossível deixá-la partir.
Criaria para ela com o meu coração um mundo novo, sem as misérias e as lágrimas deste mundo em que vivemos; um mundo só de alegria, onde a dor e o sofrimento não pudessem entrar.
Pensava que devia haver no mundo algum lugar desconhecido, algum canto de terra ainda sem o contato do homem, onde a natureza intocada conservaria o perfume dos primeiros tempos da criação e o contato das mãos de Deus quando a desenvolveu.
Aí era impossível que o ar não desse vida; que o raio do sol não viesse carregado de um átomo de fogo celeste; que a água, as árvores, a terra, cheia de tanta força e de tanto energia, não transmitisse na criatura essa vitalidade poderosa da natureza no seu inicial esplendor.
Iríamos, então, a um desses lugares desconhecidos; o mundo abria-se diante de nós e eu me sentia com bastante força e bastante coragem para levar o minha amada além dos mares e das montanhas, até achar um lugar onde esconder a nossa felicidade.
Nesses lugares, tão espaçosos, tão amplos, não haveria sequer vida bastante para duas criaturas que apenas pediam um palmo de terra e um sopro de ar, a fim de poderem elevar a Deus, como uma prece constante, o seu amor tão puro?
Ela me dava vinte e quatro horas para pensar e eu não queria nem um minuto, nem um segundo.
Que me importavam o meu futuro e a minha existência se eu os sacrificaria de bom grado para dar a ela mais um dia de vida?
Todas estas ideias, minha prima, passavam pelo meu espirito, rápidas e confusas, enquanto eu fechava na caixinha de madeira os objetos preciosos que ela me enviou, anotei na minha carteira o seu endereço, escrito no fim da carta, e atravessei o espaço que me separava da porta do hotel.
Aí encontrei o empregado da noite seguinte.
— A que horas sai o barco da Estrela?
— Ao meio-dia.
Eram onze horas; no espaço de uma hora eu faria os quatro quilômetros que me separavam daquele porto.
Olhei ao meu redor com uma espécie de desespero.
Não tinha um trono, como Ricardo III, para oferecer em troca de um cavalo; mas tinha a realeza do nosso século, tinha dinheiro.
A dois passos da porta do hotel estava um cavalo, que o seu dono segurava pela rédea.
— Quero comprar este cavalo, eu disse, caminhando para ele, sem mesmo perder tempo em cumprimentá-lo.
— Não pretendia vendê-lo, respondeu-me o homem educadamente; mas, se o senhor está disposto a dar o preço que ele vale...
— Não importa o preço; compro o cavalo arreado como está.
O sujeito me olhou admirado; porque, pra falar a verdade, os seus arreios não valiam nada.
Quanto a mim, já tinha tirado as rédeas da mão do homem e, sentado no selim, esperava que me dissesse quanto tinha de lhe pagar.
— Não se assuste, fiz uma aposta e preciso de um cavalo para ganhá-la.
Com essa explicação, o homem pareceu compreender a natureza do meu ato e a pressa que eu tinha. Pegou o dinheiro sorrindo e disse, acenando para mim com as mãos, pois já estava dobrando a esquina:
— Espero que ganhe a aposta; o animal é excelente!
Na verdade era uma aposta que eu tinha feito comigo mesmo, ou antes com a minha razão, a qual me dizia que era impossível chegar a tempo de pegar o barco, e que eu tinha feito uma extravagância sem necessidade, pois bastava ter paciência por vinte e quatro horas.
Mas o amor não compreende esses cálculos e esses raciocínios próprios da fraqueza humana; criado com uma migalha do fogo divino, ele eleva o homem acima da terra, desprende-o do chão e dá-lhe força para dominar todos os obstáculos, para querer o impossível.
Esperar tranqüilamente um dia para dizer que eu a amava e queria amá-la com todo o culto e admiração que me inspirava a sua nobre renúncia, me parecia quase uma desonra.
Seria o mesmo que dizer a ela que tinha pensado friamente, que tinha pesado todos os prós e os contras do passo que ia dar, que havia calculado como um egoísta a felicidade que ela me oferecia.
Não só a minha alma se revoltava contra esta ideia; mas sabia que ela, com a sua extrema delicadeza de sentimento, embora não reclamasse, ficaria magoada por ser alvo de uma análise desse tipo.
A minha viagem foi uma corrida louca, furiosa, fantástica. O cavalo, passava por entre a cerração da manhã, que cobria os cumes da serra, como uma sombra que fugia rápida e veloz.
Diria até que alguma rocha colocada em uma das cabeças da montanha tinha-se soltado, e rolava surdamente pelas encostas tal o vento que fazia a passagem do cavalo.
As árvores, cercadas de neblina, fugiam diante de mim como fantasmas; o chão desaparecia sob os pés do animal; às vezes parecia que a terra ia faltar e que o cavalo e cavaleiro rolavam por algum desses abismos imensos e profundos.
Mas, de repente, entre uma aberta de neblina, eu vi a linha azulada do mar e fechei os olhos e apressei ainda mais o meu cavalo, gritando-lhe ao ouvido a palavra de Byron:
— Away!
Ele parecia me entender e avançava numa corrida desesperada; não galopava, voava; seus pés, como que conduzidos por quatro molas de aço, nem tocavam a terra.
Assim, minha prima, devorando o espaço e a distância, foi ele, o nobre animal, cair exausto a alguns passos apenas da praia; a coragem, as forças e a vida só o tinham abandonado no fim da viagem.
Em pé, ainda sobre o cadáver desse companheiro leal, avistei a poucos metros o barco que navegava ligeiramente para a cidade.
Alí fiquei, por quase uma hora, seguindo com os olhos esse barco que levava a minha amada; e quando o barco desapareceu, olhei ainda por bom tempo os flocos de fumaça que ele deixava no ar e que o vento desfazia a pouco e pouco.
Por fim, quando tudo desapareceu e que nada mais me falava dela, olhei ainda o mar por onde havia passado e o horizonte que a escondia dos meus olhos.
O sol soltava raios de fogo; mas eu nem me importava com o sol; todo o meu espírito e os meus sentidos se concentravam em um único pensamento; encontrá-la, vê-la em uma hora, em um momento, se possível fosse.
Um velho pescador arrastava nesse momento a sua canoa à praia.
Aproximei-me e disse-lhe:
— Meu amigo, preciso ir à cidade, perdi a barca e gostaria que você me levasse em sua canoa.
— Mas se eu acabei de chegar!
— Não importa; pagarei o seu trabalho, pago também o incômodo que isto lhe causa.
— Não posso, não, senhor, não é pelo dinheiro, mas é que passei a noite toda no mar e estou caindo de sono.
— Escute, meu amigo...
— Não perca seu tempo, senhor; quando eu digo não, é não; e está dito.
E o velho continuou a arrastar a sua canoa.
— Está bem, não vamos mais falar nisto; mas vamos conversar um pouco.
— Como senhor quiser.
— A sua pesca rende bastante?
— Que rende nada!...
— Mas então me diga: Se houvesse um jeito de ganhar em um só dia o que pode ganhar em um mês, não enjeitaria não é?
— Isto é coisa que se pergunte?
— Mesmo quando fosse preciso embarcar depois de passar uma noite em claro no mar?
— Ainda que devesse remar três dias e três noites, sem dormir nem comer.
— Nesse caso, meu amigo, prepare-se, que vai ganhar o seu mês de pescaria; leve-me à cidade.
— Ah! Assim já é outra coisa! Por que não disse logo?...
— E precisava explicar mais?!
— Bem diz o ditado que é falando que a gente se entende.
— Então está decidido. Vamos embarcar?
— Com licença; preciso de um instantinho para avisar minha mulher; mas é um passo lá e outro cá.
— Olhe, não demore; tenho muita pressa.
— É em um fechar de olhos, disse ele, correndo na direção da vila.
Mal ele tinha dado vinte passos, parou, hesitou, e por fim voltou lentamente pelo mesmo caminho.
Eu tremia; julgava que tinha se arrependido, que vinha apresentar-me algum novo empecilho. Chegou perto de mim de olhos baixos e coçando a cabeça.
— O que aconteceu, meu amigo? perguntei-lhe com uma voz que esforçava por ter calma.
- É que... o senhor disse que pagava um mês...
— Isso mesmo; e, se duvida, disse, levando a mão ao bolso.
— Não, senhor, Deus me livre de desconfiar do senhor!
Mas é que... bem, o mês agora tem menos um dia que os outros!
Não pude deixar de achar graça do medo do velho; nós estávamos no mês de fevereiro.
— Não se importe com isto; quando eu digo um mês, é um mês de trinta e um dias; os outros são meses aleijados, e não contam.
— É isso mesmo, disse o velho, rindo da minha idéia; assim como quem diz, um homem sem um braço. Ah!... ah!...
E, continuando a rir, seguiu para sua casa e desapareceu.
Quanto a mim, estava tão contente com a idéia de chegar à cidade em algumas horas, que não pude deixar também de rir do caráter original do pescador.
Estou contando a você essas cenas e as outras que seguiram com todos os detalhes por duas razões, minha prima.
A primeira é porque desejo que entenda bem o drama simples que decidi lhe contar; a segunda é porque tenho tantas vezes repassado na memória as menores particularidades dessa história, tenho ligado de tal maneira o meu pensamento a essas lembranças, que não quero deixar de fora nem um único detalhe; sinto que se fizesse isso, tiraria uma parte de minha vida.
Depois de duas horas de espera e de impaciência, embarquei nessa casquinha de noz, que saltou sobre as ondas, conduzida pelo braço ainda forte e ágil do velho pescador.
Antes de partir, mandei enterrar o meu pobre cavalo; não podia deixar assim exposto aos urubus o corpo desse nobre animal, que eu tinha tirado do seu dono, para sacrificá-lo para satisfação de um capricho meu.
Talvez isso lhe pareça uma infantilidade; mas você é mulher, minha prima, e deve saber que, quando se ama como eu amava, tem-se o coração tão cheio de afeição, que espalha uma atmosfera de sentimento em torno de nós que toma conta até dos objetos inanimados, quanto mais das criaturas, ainda irracionais, que um momento se ligaram à nossa existência para realização de um desejo.
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Capítulo VII - Cinco Minutos
Continuei a ler:
"Estava condenada a morrer; estava com uma doença fatal e traiçoeira, que chega de mansinho no meio dos prazeres e dos risos da vida., nos deixa de cama , e da cama leva ao túmulo, depois de ter rido da natureza, transformando as suas belas criações em múmias.
É impossível descrever para você o que se passou então comigo; foi um desespero mudo e concentrado, mas que me deixou em uma dor profunda; foi uma angústia forte e cruel.
A minha vida estava apenas no começo e já recebia o bafo da morte!
Meus sonhos de futuro, minhas tão risonhas esperanças, meu puro amor, que nem sequer ainda tinha recebido o primeiro sorriso, este céu, que há pouco me parecia tão brilhante, tudo isto era uma visão que ia sumir, uma luz que brilhava prestes a se apagar.
Foi preciso um esforço sobre-humano para esconder de minha mãe a certeza que eu tinha sobre o meu estado e para rir dos seus temores, que eu dizia ser imaginários.
Boa mãe! Desde então só viveu exclusivamente para mim, para cuidar de mim com esse carinho e essa proteção que Deus deu ao coração materno, para envolver-me com suas preces, para lutar com a força de amor e de dedicação contra o destino.
Logo no dia seguinte fomos para Andaraí, onde ela alugou uma chácara, e aí, graças a seus cuidados, adquiri tanta saúde, tanta força, que ao me ver, acharia que estava boa se não fosse o diagnóstico fatal que pesava sobre mim.
Que tesouro de sentimento e de delicadeza que é um coração de mãe, meu querido! Que tato delicado, que sensibilidade apurada, possui esse amor sublime!
Nos primeiros dias, quando ainda estava muito abatida e era obrigada a agasalhar-me, se visse como ela pressentia as rajadas de um vento frio antes que ele agitasse os galhos das árvores do jardim, como adivinhava a menor neblina antes que a primeira gota umedecesse a laje do nosso terraço!
Fazia tudo para distrair-me; brincava comigo como uma colega de colégio; achava prazer nas menores coisas para me animar a imitá-la; tornava-se menina e obrigava-me a cuidar da aparência.
Enfim, meu querido, se fosse te contar tudo, escreveria um livro e esse livro deve ter lido no coração de tua mãe, porque todas as mães se parecem.
Ao fim de um mês tinha recobrado a saúde para todos, exceto para mim, que às vezes sentia algo como uma contração, que não era dor, mas que me dizia que o mal estava ali, e dormia apenas.
Foi nesta ocasião que te encontrei no ônibus de Andaraí; quando você entrou, a luz do lampião iluminou seu rosto e eu te reconheci.
Faz idéia que emoção senti quando se sentou perto de mim?
O mais você sabe; eu te amava e estava tão feliz de te-lo do meu lado, de apertar a tua mão, que nem me lembrava como devia parecer ridícula para você uma mulher que, sem te conhecer, te permitia tanto.
Quando nos separamos, arrependi-me do que tinha feito.
Com que direito eu ia perturbar a tua felicidade, condena-lo a um amor infeliz e obriga-lo a unir tua vida a uma existência triste, que talvez não pudesse te dar mais que os tormentos de conviver por muito tempo com uma pessoa a beira da morte?!
Eu te amava; mas, já que Deus não me tinha concedido a graça de ser tua companheira neste mundo, não devia ir roubar ao teu lado e no teu coração o lugar que outra mais feliz, porém menos dedicada, teria de ocupar.
Continuei a ama-lo, mas impus a mim mesma o sacrifício de nunca ser amada, por você.
Vê, meu querido, que não era egoísta e preferia a tua à minha felicidade. Tu farias o mesmo, estou certa.
Aproveitei o mistério do nosso primeiro encontro e esperei que em alguns dias você esqueceria aquele encontro quebrasse o único e bem frágil laço que te prendia a mim.
Deus não quis que acontecesse assim; vendo-o só em um baile, tão triste, tão pensativo, procurando um ser invisível, uma sombra e querendo descobrir os seus vestígios em algum dos rostos que passavam diante de ti, senti um prazer imenso.
Percebi que você me amava; e, perdoa, fiquei orgulhosa dessa paixão ardente, que uma só palavra minha havia criado, desse poder do meu amor, que, por uma força de atração inexplicável, tinha te ligado à minha sombra.
Não pude resistir.
Aproximei-me, e lhe disse uma palavra sem que tivesse tempo de me ver; foi essa mesma palavra que resume todo o poema do nosso amor e que, depois do primeiro encontro, era, como ainda hoje, a minha prece de todas as noites.
Sempre que me ajoelho diante do meu crucifixo de marfim, depois de minha oração, ainda com os olhos na cruz e o pensamento em Deus, chamo a tua imagem para pedir-lhe que não te esqueças de mim.
Quando você se voltou ao som da minha voz, eu entrei rapidamente no banheiro; e pouco depois saí daquele baile, onde apenas acabava de entrar, tremendo por causa da minha imprudência, mas alegre e feliz por ter visto você mais uma vez.
Deve entender agora o quanto sofri no teatro quando me fez aquela acusação injusta, no momento mesmo em que a Charton cantava a ária da Traviata.
Não sei como não me traí naquele momento e não te disse tudo; o teu futuro, porém, era sagrado para mim, e eu não devia destruí-lo para satisfação de meu amor próprio ofendido.
No dia seguinte escrevi para você; e assim, sem me trair, pude ao menos fazer com que pensasse bem de mim; doía-me muito que, ainda mesmo não me conhecendo, tivesse uma idéia tão injusta e tão falsa sobre mim.
Preciso dizer-lhe que no dia seguinte ao do nosso primeiro encontro, tínhamos voltado à cidade, e eu te via passar todos os dias diante de minha janela, quando fazia o teu passeio de todos os dias.
Por detrás das cortinas, seguia-o com o olhar, até que desaparecia no fim da rua, e este prazer, rápido como era, alimentava o meu amor, acostumado a viver de tão pouco.
Depois da minha carta você deixou de passar dois dias, eu estava de viagem marcada para este lugar onde me encontrou e de onde deveria sair apenas para embarcar em um navio inglês.
Minha mãe, incansável nos seus cuidados, quer levar-me à Europa para um passeio pela Itália, pela Grécia, por todos os países de um clima doce.
Ela diz que é para mostrar-me os grandes modelos de arte e alegrar o meu espírito, mas eu sei que essa viagem é a sua única esperança, que não podendo fazer nada contra a minha doença, quer ao menos ficar próxima de mim por mais algum tempo.
Acha que a viagem me dará mais alguns dias de vida, como se estas sobras de vida valessem alguma coisa para quem já perdeu a sua juventude e o seu futuro.
Quando estava embarcando para cá, lembrei-me de que talvez não te visse mais e, diante desse último pensamento, desabei. Queria ter ao menos o consolo de dizer-lhe adeus!...
Era o último!
Escrevi então a segunda carta para você; preocupei-me com a tua demora, mas tinha uma quase certeza de que viria até mim.
Não me enganei.
Você veio, e toda a minha decisão, minha coragem cedeu, porque, sombra ou mulher, entendi que você me amava como eu te amo.
O mal estava feito.
Agora, meu amor, peço-te por mim, pelo amor que tem por mim, que pense no que vou te dizer, mas que pense com calma e tranqüilidade.
Para isto parti hoje de Petrópolis, sem te contar, e coloquei entre nós o espaço de vinte e quatro horas.
Desejo que não faça nada precipitadamente e que, antes de dizer qualquer palavra, tenha percebido todo o alcance que ela deve ter sobre o teu futuro.
Sabe pra onde vou, sabe que sou uma vítima, cuja hora está marcada, e que todo o meu amor, imenso, profundo, não pode te oferecer, talvez dentro de bem pouco tempo, nada mais que um sorriso contraído pela tosse, um olhar entristecido pela febre e carícias roubadas aos sofrimentos.
É triste; e não deve sacrificar assim a tua bela mocidade, que ainda te reserva tantas aventuras e talvez um amor muito especial.
Deixo para você uma foto minha, meus cabelos e minha história; guarde-os como uma lembrança e pense algumas vezes em mim: beije esta folha de papel, onde os meus lábios deixaram-te meu adeus.
Entretanto, meu querido, se, como você disse ontem, a felicidade é amar e sentir-se amado; se acha que tem força para compartilhar essa minha curta existência, esses poucos dias que me restam a passar sobre a terra, se quer me dar esse consolo, único que ainda embelezaria minha vida, vem!
Sim, vem! iremos pedir ao belo céu da Itália mais alguns dias de vida para nosso amor; iremos aonde você quiser, ou aonde nos levar o destino.
Viajantes pelas eternas solidões dos mares ou pelos lugares altos das montanhas, longe do mundo, sob o olhar protetor de Deus, à sombra dos cuidados de nossa mãe, viveremos tanto um como outro, encheremos de tanto amor os nossos dias, as nossas horas, os nossos instantes, que, por curta que seja a minha existência, teremos vivido por cada minuto séculos de amor e de felicidade.
Eu espero; mas temo.
Espero-o como a flor quase morta espera o raio de sol que deve aquecê-la, a gota de orvalho que pode animá-la, o hálito da brisa que vem despertá-la. Porque para mim o único céu que hoje me sorri, são teus olhos; o calor que pode me fazer viver, é o do teu abraço.
Entretanto temo, tenho medo por você, e quase peço a Deus que te inspire e te salve desse sacrifício talvez inútil!
Adeus para sempre, ou até amanhã!"
CARLOTA
"Estava condenada a morrer; estava com uma doença fatal e traiçoeira, que chega de mansinho no meio dos prazeres e dos risos da vida., nos deixa de cama , e da cama leva ao túmulo, depois de ter rido da natureza, transformando as suas belas criações em múmias.
É impossível descrever para você o que se passou então comigo; foi um desespero mudo e concentrado, mas que me deixou em uma dor profunda; foi uma angústia forte e cruel.
A minha vida estava apenas no começo e já recebia o bafo da morte!
Meus sonhos de futuro, minhas tão risonhas esperanças, meu puro amor, que nem sequer ainda tinha recebido o primeiro sorriso, este céu, que há pouco me parecia tão brilhante, tudo isto era uma visão que ia sumir, uma luz que brilhava prestes a se apagar.
Foi preciso um esforço sobre-humano para esconder de minha mãe a certeza que eu tinha sobre o meu estado e para rir dos seus temores, que eu dizia ser imaginários.
Boa mãe! Desde então só viveu exclusivamente para mim, para cuidar de mim com esse carinho e essa proteção que Deus deu ao coração materno, para envolver-me com suas preces, para lutar com a força de amor e de dedicação contra o destino.
Logo no dia seguinte fomos para Andaraí, onde ela alugou uma chácara, e aí, graças a seus cuidados, adquiri tanta saúde, tanta força, que ao me ver, acharia que estava boa se não fosse o diagnóstico fatal que pesava sobre mim.
Que tesouro de sentimento e de delicadeza que é um coração de mãe, meu querido! Que tato delicado, que sensibilidade apurada, possui esse amor sublime!
Nos primeiros dias, quando ainda estava muito abatida e era obrigada a agasalhar-me, se visse como ela pressentia as rajadas de um vento frio antes que ele agitasse os galhos das árvores do jardim, como adivinhava a menor neblina antes que a primeira gota umedecesse a laje do nosso terraço!
Fazia tudo para distrair-me; brincava comigo como uma colega de colégio; achava prazer nas menores coisas para me animar a imitá-la; tornava-se menina e obrigava-me a cuidar da aparência.
Enfim, meu querido, se fosse te contar tudo, escreveria um livro e esse livro deve ter lido no coração de tua mãe, porque todas as mães se parecem.
Ao fim de um mês tinha recobrado a saúde para todos, exceto para mim, que às vezes sentia algo como uma contração, que não era dor, mas que me dizia que o mal estava ali, e dormia apenas.
Foi nesta ocasião que te encontrei no ônibus de Andaraí; quando você entrou, a luz do lampião iluminou seu rosto e eu te reconheci.
Faz idéia que emoção senti quando se sentou perto de mim?
O mais você sabe; eu te amava e estava tão feliz de te-lo do meu lado, de apertar a tua mão, que nem me lembrava como devia parecer ridícula para você uma mulher que, sem te conhecer, te permitia tanto.
Quando nos separamos, arrependi-me do que tinha feito.
Com que direito eu ia perturbar a tua felicidade, condena-lo a um amor infeliz e obriga-lo a unir tua vida a uma existência triste, que talvez não pudesse te dar mais que os tormentos de conviver por muito tempo com uma pessoa a beira da morte?!
Eu te amava; mas, já que Deus não me tinha concedido a graça de ser tua companheira neste mundo, não devia ir roubar ao teu lado e no teu coração o lugar que outra mais feliz, porém menos dedicada, teria de ocupar.
Continuei a ama-lo, mas impus a mim mesma o sacrifício de nunca ser amada, por você.
Vê, meu querido, que não era egoísta e preferia a tua à minha felicidade. Tu farias o mesmo, estou certa.
Aproveitei o mistério do nosso primeiro encontro e esperei que em alguns dias você esqueceria aquele encontro quebrasse o único e bem frágil laço que te prendia a mim.
Deus não quis que acontecesse assim; vendo-o só em um baile, tão triste, tão pensativo, procurando um ser invisível, uma sombra e querendo descobrir os seus vestígios em algum dos rostos que passavam diante de ti, senti um prazer imenso.
Percebi que você me amava; e, perdoa, fiquei orgulhosa dessa paixão ardente, que uma só palavra minha havia criado, desse poder do meu amor, que, por uma força de atração inexplicável, tinha te ligado à minha sombra.
Não pude resistir.
Aproximei-me, e lhe disse uma palavra sem que tivesse tempo de me ver; foi essa mesma palavra que resume todo o poema do nosso amor e que, depois do primeiro encontro, era, como ainda hoje, a minha prece de todas as noites.
Sempre que me ajoelho diante do meu crucifixo de marfim, depois de minha oração, ainda com os olhos na cruz e o pensamento em Deus, chamo a tua imagem para pedir-lhe que não te esqueças de mim.
Quando você se voltou ao som da minha voz, eu entrei rapidamente no banheiro; e pouco depois saí daquele baile, onde apenas acabava de entrar, tremendo por causa da minha imprudência, mas alegre e feliz por ter visto você mais uma vez.
Deve entender agora o quanto sofri no teatro quando me fez aquela acusação injusta, no momento mesmo em que a Charton cantava a ária da Traviata.
Não sei como não me traí naquele momento e não te disse tudo; o teu futuro, porém, era sagrado para mim, e eu não devia destruí-lo para satisfação de meu amor próprio ofendido.
No dia seguinte escrevi para você; e assim, sem me trair, pude ao menos fazer com que pensasse bem de mim; doía-me muito que, ainda mesmo não me conhecendo, tivesse uma idéia tão injusta e tão falsa sobre mim.
Preciso dizer-lhe que no dia seguinte ao do nosso primeiro encontro, tínhamos voltado à cidade, e eu te via passar todos os dias diante de minha janela, quando fazia o teu passeio de todos os dias.
Por detrás das cortinas, seguia-o com o olhar, até que desaparecia no fim da rua, e este prazer, rápido como era, alimentava o meu amor, acostumado a viver de tão pouco.
Depois da minha carta você deixou de passar dois dias, eu estava de viagem marcada para este lugar onde me encontrou e de onde deveria sair apenas para embarcar em um navio inglês.
Minha mãe, incansável nos seus cuidados, quer levar-me à Europa para um passeio pela Itália, pela Grécia, por todos os países de um clima doce.
Ela diz que é para mostrar-me os grandes modelos de arte e alegrar o meu espírito, mas eu sei que essa viagem é a sua única esperança, que não podendo fazer nada contra a minha doença, quer ao menos ficar próxima de mim por mais algum tempo.
Acha que a viagem me dará mais alguns dias de vida, como se estas sobras de vida valessem alguma coisa para quem já perdeu a sua juventude e o seu futuro.
Quando estava embarcando para cá, lembrei-me de que talvez não te visse mais e, diante desse último pensamento, desabei. Queria ter ao menos o consolo de dizer-lhe adeus!...
Era o último!
Escrevi então a segunda carta para você; preocupei-me com a tua demora, mas tinha uma quase certeza de que viria até mim.
Não me enganei.
Você veio, e toda a minha decisão, minha coragem cedeu, porque, sombra ou mulher, entendi que você me amava como eu te amo.
O mal estava feito.
Agora, meu amor, peço-te por mim, pelo amor que tem por mim, que pense no que vou te dizer, mas que pense com calma e tranqüilidade.
Para isto parti hoje de Petrópolis, sem te contar, e coloquei entre nós o espaço de vinte e quatro horas.
Desejo que não faça nada precipitadamente e que, antes de dizer qualquer palavra, tenha percebido todo o alcance que ela deve ter sobre o teu futuro.
Sabe pra onde vou, sabe que sou uma vítima, cuja hora está marcada, e que todo o meu amor, imenso, profundo, não pode te oferecer, talvez dentro de bem pouco tempo, nada mais que um sorriso contraído pela tosse, um olhar entristecido pela febre e carícias roubadas aos sofrimentos.
É triste; e não deve sacrificar assim a tua bela mocidade, que ainda te reserva tantas aventuras e talvez um amor muito especial.
Deixo para você uma foto minha, meus cabelos e minha história; guarde-os como uma lembrança e pense algumas vezes em mim: beije esta folha de papel, onde os meus lábios deixaram-te meu adeus.
Entretanto, meu querido, se, como você disse ontem, a felicidade é amar e sentir-se amado; se acha que tem força para compartilhar essa minha curta existência, esses poucos dias que me restam a passar sobre a terra, se quer me dar esse consolo, único que ainda embelezaria minha vida, vem!
Sim, vem! iremos pedir ao belo céu da Itália mais alguns dias de vida para nosso amor; iremos aonde você quiser, ou aonde nos levar o destino.
Viajantes pelas eternas solidões dos mares ou pelos lugares altos das montanhas, longe do mundo, sob o olhar protetor de Deus, à sombra dos cuidados de nossa mãe, viveremos tanto um como outro, encheremos de tanto amor os nossos dias, as nossas horas, os nossos instantes, que, por curta que seja a minha existência, teremos vivido por cada minuto séculos de amor e de felicidade.
Eu espero; mas temo.
Espero-o como a flor quase morta espera o raio de sol que deve aquecê-la, a gota de orvalho que pode animá-la, o hálito da brisa que vem despertá-la. Porque para mim o único céu que hoje me sorri, são teus olhos; o calor que pode me fazer viver, é o do teu abraço.
Entretanto temo, tenho medo por você, e quase peço a Deus que te inspire e te salve desse sacrifício talvez inútil!
Adeus para sempre, ou até amanhã!"
CARLOTA
A maioridade penal brasileira
A maioridade penal, é a idade legal estabelecida pelo governo de uma nação, onde, cada cidadão quando atinge uma certa idade, já pode responder e assumir seus atos.
No Brasil, o cidadão só é maior, quando atinge dezoito anos. Isso gera muita discussão entre jovens e adultos. Principalmente entre jovens, em sua maioria, contrários a essa decisão pois sentem-se presos a um poder paterno ou tutelar, achando que não são livres para fazerem o que querem. Muitos desejam assistir a shows, tirar carteira de habilitação, comprar certas coisas proibidas a menores, entrar em lugares proibidos, situações que aumentam ainda mais o desejo de serem livres.
Embora a maioria da juventude seja favorável a maioridade penal, os adultos, em grande parte, são contrários, afirmam que a pessoa torna-se adulta quando as atitudes tornam-se mais maduras, controladas, e isso acontece, segundo eles, com mais de dezoito anos.
Penso que a maioridade brasileira deveria baixar para dezesseis anos. Se o jovem nesse idade, pode tirar o título eleitoral e votar ajudando a decidir o futuro da nação, tem também a capacidade de responder pelos seus atos. Vários jovens infratores que não são punidos de forma correta por serem menor, seriam punidos merecidamente, diminuindo a criminalidade.
Texto de opinião sobre “ A maioridade penal no Brasil””, escrito por Cleverton Vieira Salles, aluno do 3º ano do Colégio Plinio em Colombo. Em 26/03/2010.
No Brasil, o cidadão só é maior, quando atinge dezoito anos. Isso gera muita discussão entre jovens e adultos. Principalmente entre jovens, em sua maioria, contrários a essa decisão pois sentem-se presos a um poder paterno ou tutelar, achando que não são livres para fazerem o que querem. Muitos desejam assistir a shows, tirar carteira de habilitação, comprar certas coisas proibidas a menores, entrar em lugares proibidos, situações que aumentam ainda mais o desejo de serem livres.
Embora a maioria da juventude seja favorável a maioridade penal, os adultos, em grande parte, são contrários, afirmam que a pessoa torna-se adulta quando as atitudes tornam-se mais maduras, controladas, e isso acontece, segundo eles, com mais de dezoito anos.
Penso que a maioridade brasileira deveria baixar para dezesseis anos. Se o jovem nesse idade, pode tirar o título eleitoral e votar ajudando a decidir o futuro da nação, tem também a capacidade de responder pelos seus atos. Vários jovens infratores que não são punidos de forma correta por serem menor, seriam punidos merecidamente, diminuindo a criminalidade.
Texto de opinião sobre “ A maioridade penal no Brasil””, escrito por Cleverton Vieira Salles, aluno do 3º ano do Colégio Plinio em Colombo. Em 26/03/2010.
A maioridade penal
A redução da maioridade penal vem sendo objeto de análise e discussão pelo Congresso nacional à quase duas décadas, mas sem chegar ainda a conclusão definitiva. Até então, muitos crimes acontecem praticados por menores de 18 anos que, considerados imputáveis, não respondem penalmente pelo crime cometido.
Hoje em dia é comum vermos crianças e adolescentes na criminalidade. Isso porque os jovens não são punidos severamente pelos seus atos, o que os influencia mais e mais a cometerem crimes os mais diversos.
Muitas vezes, esses jovens são usados como “laranjas” de outros criminosos. Um exemplo é o tráfico de drogas que, utiliza a mão de obra desses adolescentes justamente pela falta de punição. Isso já virou rotina e aumenta a cada dia. Os menores infratores fazem todo o trabalho para os traficantes. Se acaso forem pegos, em pouco tempo estão novamente nas ruas, sem nem mesmo responderem pelo crime cometido.
Se a lei da maioridade penal fosse constituida realmente, diminuindo a idade para dezesseis anos, com certeza diminuiria a criminalidade. Muitos desses menores, estando presos, poderiam aprender a lição aplicada pela lei e quem sabe, seriam exemplos para outros jovens. Pois teriam que arcar com as consequências e responsabilidade de seus atos. A diminuição da idade penal certamente não iria acabar a com a criminalidade, mas grande parte seria evitada e não perderíamos tantos jovens para o crime.
Texto de opinião sobre “ A maioridade penal no Brasil””, escrito por Maycon N. Bransin, aluno do 3º ano do Colégio Plinio em Colombo. Em 26/03/2010.
Hoje em dia é comum vermos crianças e adolescentes na criminalidade. Isso porque os jovens não são punidos severamente pelos seus atos, o que os influencia mais e mais a cometerem crimes os mais diversos.
Muitas vezes, esses jovens são usados como “laranjas” de outros criminosos. Um exemplo é o tráfico de drogas que, utiliza a mão de obra desses adolescentes justamente pela falta de punição. Isso já virou rotina e aumenta a cada dia. Os menores infratores fazem todo o trabalho para os traficantes. Se acaso forem pegos, em pouco tempo estão novamente nas ruas, sem nem mesmo responderem pelo crime cometido.
Se a lei da maioridade penal fosse constituida realmente, diminuindo a idade para dezesseis anos, com certeza diminuiria a criminalidade. Muitos desses menores, estando presos, poderiam aprender a lição aplicada pela lei e quem sabe, seriam exemplos para outros jovens. Pois teriam que arcar com as consequências e responsabilidade de seus atos. A diminuição da idade penal certamente não iria acabar a com a criminalidade, mas grande parte seria evitada e não perderíamos tantos jovens para o crime.
Texto de opinião sobre “ A maioridade penal no Brasil””, escrito por Maycon N. Bransin, aluno do 3º ano do Colégio Plinio em Colombo. Em 26/03/2010.
Merece morrer?
Um assunto que já passou pela cabeça de todo brasileiro é como deveria funcionar a ustiça no país. E quem já não ouviu falar em pena de morte?
Para certos casos ediondos esta seria a melhor das soluções. O final perfeito para aqueles cidadãos que fazem da vida de outras pessoas um filme de terror mas que ao fim, teria um final feliz para a família da vítima.
Mas não dá para esquecer que esses antagonistas da vida real também tem uma família que viria a sentir muito tamanha perda. Isso sem falar que muitas vezes não se tem certeza de que o réu é mesmo culpado do crime.
Por isso isso, deve-se pensar muito antes de aplicar e aceitar essa penalidade porque já estamos cansados de ver a reprise da novela que se torna a vida de quem passa anos preso e depois, descobre-se que não tinha nada a ver com o caso. A justiça pode até indenizar a vítima, mas jamais devolverá os anos perdidos e traumas adquiridos na prisão. Acredito que esse seja um sistema muito complexo, para ser adotado em um país como o Brasil, que infelizmente, deixa muito a desejar no contexto penitenciário.
Texto de opinião sobre “A pena de morte no Brasil”, escrito por Suellen Lisboa, aluna do 3º ano do Colégio Plinio em Colombo. 26/03/2010.
Para certos casos ediondos esta seria a melhor das soluções. O final perfeito para aqueles cidadãos que fazem da vida de outras pessoas um filme de terror mas que ao fim, teria um final feliz para a família da vítima.
Mas não dá para esquecer que esses antagonistas da vida real também tem uma família que viria a sentir muito tamanha perda. Isso sem falar que muitas vezes não se tem certeza de que o réu é mesmo culpado do crime.
Por isso isso, deve-se pensar muito antes de aplicar e aceitar essa penalidade porque já estamos cansados de ver a reprise da novela que se torna a vida de quem passa anos preso e depois, descobre-se que não tinha nada a ver com o caso. A justiça pode até indenizar a vítima, mas jamais devolverá os anos perdidos e traumas adquiridos na prisão. Acredito que esse seja um sistema muito complexo, para ser adotado em um país como o Brasil, que infelizmente, deixa muito a desejar no contexto penitenciário.
Texto de opinião sobre “A pena de morte no Brasil”, escrito por Suellen Lisboa, aluna do 3º ano do Colégio Plinio em Colombo. 26/03/2010.
quarta-feira, 24 de março de 2010
Capítulo VI - Cinco Minutos
Eis o que ela me dizia:
"Devo-te uma explicação, meu querido.
Esta explicação é a história da minha vida, breve história, cuja parte mais bonita foi a sua passagem por ela.
Cinco meses antes do nosso primeiro encontro eu completava os meus dezesseis anos, a vida começava a sorrir para mim.
A educação rigorosa que minha mãe me deu, me conservou menina até àquela idade, e foi só quando ela julgou que era hora de eu conhecer o mundo tal como ele é, que eu perdi as minhas idéias de infância e as minhas inocentes ilusões.
A primeira vez que fui a um baile, fiquei deslumbrada no meio daquela multidão de homens e mulheres, que giravam em torno de mim sob uma atmosfera de luz, de música, de perfumes.
Tudo me causava espanto; esse abandono com que as mulheres se entregavam ao seus pares de valsa, esse sorriso constante e sem expressão que uma moça parece colocar no rosto na porta da entrada para só deixá-lo na saída, esses elogios sempre os mesmos e sempre sobre um tema banal, ao mesmo tempo que me deixavam curiosa, faziam desaparecer o entusiasmo.
Você estava nesse baile; foi a primeira vez que te vi.
Reparei que nessa multidão alegre e barulhenta você só não dançava, e passeava pelo salão como um espectador mudo e indiferente, ou talvez como um homem que procurava uma mulher.
Compreendi você e durante muito tempo, o segui com os olhos; ainda hoje me lembro dos teus menores gestos, da expressão do teu rosto e do sorriso de fina ironia que às vezes fugia dos teus lábios.
Foi a única recordação que trouxe dessa noite, e quando adormeci, os meus doces sonhos de infância, que, apesar do baile, vieram a minha mente, apenas foram interrompidos um instante pela tua imagem, que me sorria.
No dia seguinte renovei a minha existência, feliz, tranqüila e descuidosa, como costuma ser a vida de uma moça aos dezesseis anos.
Algum tempo depois fui a outros bailes e ao teatro, porque minha mãe, queria fazer que eu brilhasse para o mundo.
Quando cedia aos pedidos dela e ia me aprontar, enquanto preparava o meu simples traje, murmurava: — Talvez ele esteja.
E esta lembrança, não só me tornava alegre, mas fazia com que procurasse ficar mais bonita, para merecer um primeiro olhar.
Ultimamente era eu quem, cedendo a um sentimento que não sabia explicar, pedia a minha mãe para sair, só na esperança de encontrar-lo.
Você nem desconfiava então que, entre todos aqueles vultos indiferentes, havia um olhar que te seguia sempre e um coração que adivinhava os teus pensamentos, que se agigantava quando te via sorrir e contraía-se quando uma sombra deixava seu rosto triste.
Se diziam o teu nome perto de mim, ficava vermelha e na minha perturbação julgava que tinham lido esse nome nos meus olhos ou dentro de minh'alma, onde eu bem sabia que ele estava escrito.
E, entretanto, você nem sequer ainda tinha me visto; se teus olhos haviam passado alguma vez por mim, tinha sido em um desses momentos em que a luz se volta para o íntimo, e se olha, mas não se vê.
Consolava-me, porém, que algum dia o acaso nos uniria, e então, alguma coisa me dizia que seria impossível você não me amar.
O acaso aconteceu, mas quando a minha vida já estava completamente transformada.
Ao sair de um desses bailes, apanhei uma pequena constipação, mas não dei importância. Minha mãe teimava que eu estava doente, e eu achava apenas que estava um pouco pálida e sentia às vezes um ligeiro calafrio, que eu curava, sentando ao piano e tocando alguma música de bravura.
Um dia, porém, me senti muito abatida; tinha as mãos e os lábios em febre, a respiração era difícil, e ao menor esforço suava muito com uma transpiração que me parecia gelada.
Atirei-me sobre um sofá e, com a cabeça recostada ao colo de minha mãe, caí em um estado de sono que não sei quanto tempo durou. Lembro-me somente que, no momento em que ia acordando dessa sonolência que se apoderara de mim, vi minha mãe, sentada à cabeceira da minha cama, chorando, e um homem dizia-lhe algumas palavras de consolo, que eu ouvi como em sonho:
— Não se desespere, minha senhora; a ciência não é infalível, nem os meus diagnósticos são irrevogáveis.
Pode ser que a natureza e as viagens a salvem. Mas é preciso não perder tempo.
O homem partiu.
Não tinha compreendido as suas palavras, às quais não faziam o menor sentido.
Passando um instante, ergui tranqüilamente os olhos para minha mãe, que escondeu o lenço e o choro.
— Está chorando, mamãe?
— Não, minha filha, claro que não...
— Você está com os olhos cheios de lágrimas!... disse eu assustada.
— Ah! sim!... uma notícia triste que me contaram há pouco... sobre uma pessoa... que você não conhece.
— Quem é este senhor que estava aqui?
— É o Dr. Valadão, que veio visitar você.
— Então eu estou muito doente, mamãe?
— Não, minha filha, ele garantiu que você não tem nada; é apenas um probleminha de nada.
E minha querida mãe, não podendo mais conter as lágrimas que saltavam dos olhos, fugiu, dizendo que tinha algo importante para fazer.
Então, à medida que a minha inteligência ia ficando clara, comecei a refletir sobre o que tinha acontecido.
Aquele desmaio tão longo, aquelas palavras que eu ouvira quase em sonho, as lágrimas de minha mãe e a sua repentina aflição, o tom condoído com que o médico conversava com ela...
Um raio de luz esclareceu de repente o meu espírito.
Eu estava desenganada.
O poder da ciência, o olhar profundo, seguro, infalível, desse homem que lê no corpo humano como em um livro aberto, tinha visto no meu corpo algo imperceptível.
Era o verme que devia destruir as fontes da vida, apesar dos meus dezesseis anos, apesar de minha beleza e dos meus sonhos de felicidade!".
Aqui terminava a primeira folha, que eu acabei de ler entre as lágrimas que me inundavam os olhos e caíam sobre o papel.
Era este o segredo de sua estranha atitude; era a razão por que fugia sempre, por que se escondia, por que ainda no dia anterior dizia que tinha imposto a si mesma o sacrifício de nunca ser amada por mim.
Que atitude sublime, minha prima! E, como eu me sentia pequeno e mesquinho diante desse amor tão nobre!
"Devo-te uma explicação, meu querido.
Esta explicação é a história da minha vida, breve história, cuja parte mais bonita foi a sua passagem por ela.
Cinco meses antes do nosso primeiro encontro eu completava os meus dezesseis anos, a vida começava a sorrir para mim.
A educação rigorosa que minha mãe me deu, me conservou menina até àquela idade, e foi só quando ela julgou que era hora de eu conhecer o mundo tal como ele é, que eu perdi as minhas idéias de infância e as minhas inocentes ilusões.
A primeira vez que fui a um baile, fiquei deslumbrada no meio daquela multidão de homens e mulheres, que giravam em torno de mim sob uma atmosfera de luz, de música, de perfumes.
Tudo me causava espanto; esse abandono com que as mulheres se entregavam ao seus pares de valsa, esse sorriso constante e sem expressão que uma moça parece colocar no rosto na porta da entrada para só deixá-lo na saída, esses elogios sempre os mesmos e sempre sobre um tema banal, ao mesmo tempo que me deixavam curiosa, faziam desaparecer o entusiasmo.
Você estava nesse baile; foi a primeira vez que te vi.
Reparei que nessa multidão alegre e barulhenta você só não dançava, e passeava pelo salão como um espectador mudo e indiferente, ou talvez como um homem que procurava uma mulher.
Compreendi você e durante muito tempo, o segui com os olhos; ainda hoje me lembro dos teus menores gestos, da expressão do teu rosto e do sorriso de fina ironia que às vezes fugia dos teus lábios.
Foi a única recordação que trouxe dessa noite, e quando adormeci, os meus doces sonhos de infância, que, apesar do baile, vieram a minha mente, apenas foram interrompidos um instante pela tua imagem, que me sorria.
No dia seguinte renovei a minha existência, feliz, tranqüila e descuidosa, como costuma ser a vida de uma moça aos dezesseis anos.
Algum tempo depois fui a outros bailes e ao teatro, porque minha mãe, queria fazer que eu brilhasse para o mundo.
Quando cedia aos pedidos dela e ia me aprontar, enquanto preparava o meu simples traje, murmurava: — Talvez ele esteja.
E esta lembrança, não só me tornava alegre, mas fazia com que procurasse ficar mais bonita, para merecer um primeiro olhar.
Ultimamente era eu quem, cedendo a um sentimento que não sabia explicar, pedia a minha mãe para sair, só na esperança de encontrar-lo.
Você nem desconfiava então que, entre todos aqueles vultos indiferentes, havia um olhar que te seguia sempre e um coração que adivinhava os teus pensamentos, que se agigantava quando te via sorrir e contraía-se quando uma sombra deixava seu rosto triste.
Se diziam o teu nome perto de mim, ficava vermelha e na minha perturbação julgava que tinham lido esse nome nos meus olhos ou dentro de minh'alma, onde eu bem sabia que ele estava escrito.
E, entretanto, você nem sequer ainda tinha me visto; se teus olhos haviam passado alguma vez por mim, tinha sido em um desses momentos em que a luz se volta para o íntimo, e se olha, mas não se vê.
Consolava-me, porém, que algum dia o acaso nos uniria, e então, alguma coisa me dizia que seria impossível você não me amar.
O acaso aconteceu, mas quando a minha vida já estava completamente transformada.
Ao sair de um desses bailes, apanhei uma pequena constipação, mas não dei importância. Minha mãe teimava que eu estava doente, e eu achava apenas que estava um pouco pálida e sentia às vezes um ligeiro calafrio, que eu curava, sentando ao piano e tocando alguma música de bravura.
Um dia, porém, me senti muito abatida; tinha as mãos e os lábios em febre, a respiração era difícil, e ao menor esforço suava muito com uma transpiração que me parecia gelada.
Atirei-me sobre um sofá e, com a cabeça recostada ao colo de minha mãe, caí em um estado de sono que não sei quanto tempo durou. Lembro-me somente que, no momento em que ia acordando dessa sonolência que se apoderara de mim, vi minha mãe, sentada à cabeceira da minha cama, chorando, e um homem dizia-lhe algumas palavras de consolo, que eu ouvi como em sonho:
— Não se desespere, minha senhora; a ciência não é infalível, nem os meus diagnósticos são irrevogáveis.
Pode ser que a natureza e as viagens a salvem. Mas é preciso não perder tempo.
O homem partiu.
Não tinha compreendido as suas palavras, às quais não faziam o menor sentido.
Passando um instante, ergui tranqüilamente os olhos para minha mãe, que escondeu o lenço e o choro.
— Está chorando, mamãe?
— Não, minha filha, claro que não...
— Você está com os olhos cheios de lágrimas!... disse eu assustada.
— Ah! sim!... uma notícia triste que me contaram há pouco... sobre uma pessoa... que você não conhece.
— Quem é este senhor que estava aqui?
— É o Dr. Valadão, que veio visitar você.
— Então eu estou muito doente, mamãe?
— Não, minha filha, ele garantiu que você não tem nada; é apenas um probleminha de nada.
E minha querida mãe, não podendo mais conter as lágrimas que saltavam dos olhos, fugiu, dizendo que tinha algo importante para fazer.
Então, à medida que a minha inteligência ia ficando clara, comecei a refletir sobre o que tinha acontecido.
Aquele desmaio tão longo, aquelas palavras que eu ouvira quase em sonho, as lágrimas de minha mãe e a sua repentina aflição, o tom condoído com que o médico conversava com ela...
Um raio de luz esclareceu de repente o meu espírito.
Eu estava desenganada.
O poder da ciência, o olhar profundo, seguro, infalível, desse homem que lê no corpo humano como em um livro aberto, tinha visto no meu corpo algo imperceptível.
Era o verme que devia destruir as fontes da vida, apesar dos meus dezesseis anos, apesar de minha beleza e dos meus sonhos de felicidade!".
Aqui terminava a primeira folha, que eu acabei de ler entre as lágrimas que me inundavam os olhos e caíam sobre o papel.
Era este o segredo de sua estranha atitude; era a razão por que fugia sempre, por que se escondia, por que ainda no dia anterior dizia que tinha imposto a si mesma o sacrifício de nunca ser amada por mim.
Que atitude sublime, minha prima! E, como eu me sentia pequeno e mesquinho diante desse amor tão nobre!

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Mito da caverna
Aluno Elidio